domingo, 19 de junho de 2011

Lucio Battisti - Il Nostro Caro Angelo (1973)



                 A música leggera a posteridade agradeceria pela data de cinco de março de 1943. Não por um lançamento de álbum, ou um evento vanguardista que fosse responsável por abaixar as armas e fechar trincheiras para uma mudança de curso da Itália que vivia os anos negros da Segunda Grande Guerra. Tal data, tão relevante, marcaria o nascimento de um dos maiores pilares da música que a bota já viu, chamara-se Lucio Battisti. A região de nascimento, Poggio Bustone, passa despercebida quando se nota apenas seus 22,30 km² de área. O músico, que gravou 20 álbuns em quatro gravadoras diferentes, possui no belo currículo muitos “número 1” tanto em colocação de álbuns quanto aos singles. Foi ele o músico responsável pelo feito raro, em 1973, a desbancar “Dark Side of The Moon” e “Don’t Shoot Me I’m Only The Piano Player”, mandando-os à terceiro e quarto lugares das paradas. No primeiro lugar absoluto, estaria “Il Mio Canto Libero”, que mantinha-se firme na posição por um ano, e na sequencia, “Il Nostro Caro Angelo”, o álbum que falaremos a seguir. Lucio faleceria em 1998, em Milão, em decorrência de um câncer, conforme afirmou à época o tablóide estadunidense The New York Times. Vendeu mais de 25 milhões de álbuns.
               O terceiro álbum pelo selo “Numero Uno”, em parceria de composição com Mogol, e o oitavo de sua carreira, coincide com o nascimento de seu único filho, Luca. Esse evento faz acreditar que lançamento do álbum e música homônima tivessem algo de “O Nosso Caro Filho”. De fato, seu companheiro de composições, Mogol, afirma que “Il Nostro Caro Angelo”(O Nosso Caro Anjo, em tradução literal) têm um sentido de crítica à Igreja Católica. O álbum rapidamente atingiu as paradas italianas, ocupando no segundo posto, apenas atrás de outro lançamento de Battisti, “Il Mio Canto Libero”. A capa em si foi fora considerada surreal e bastante excêntrica, na fronteira com o escândalo. De acordo com as interpretações posteriores, foi destinada a sensibilizar a opinião pública sobre questões como a ecologia e a preservação das tradições étnicas.
               São honestas 8 faixas da primeira incursão de Battisti as causas sociais, e colocando em cheque sempre as organizações políticas e Instituições de ordem civil. A sonoridade, diferente de algum de seus álbuns anteriores, é marcado por uma sonoridade permeada no rock progressivo e com um peso muito grande nas melodias e arranjos, sempre com músicas de dupla interpretação, beirando temas delicados, como o levante de um líder a seus aldeões que sofriam com a alienação (La Allettanti Promesse) ou mesmo um hino contra a mídia, ridicularizando a situação em que se passava a Itália na época (Ma È Un Canto Brasilero). O sucesso das vendagens ficou com a faixa homônima ao álbum, tida como a mais experimental, com letra que remete um texto obscuro e de difícil compreensão, que alerta as pessoas contra as convenções, e para seguir as próprias aspirações, com fins de não cair “na cova dos leões”. A polêmica do álbum foi uma frase, logo na primeira música que seria uma saudação romana (“planando sopra boschi di braccia tese”), história que foi rapidamente afastada pelo fato de Mogol e Battisti não possuírem posicionamento político. A obra têm um tom revolucionário muito válido, representando uma clara maturidade da música leggera, que com certo atraso, superara a fase sessentista que assolou todo o mundo. Battisti é genial ao escalar a ordem das músicas, permitindo tanto ao grande ouvinte quanto aos especialista um tempo para reflexão com músicas ora mais poéticas e subjetivas, ora com verdadeiros rocks, usando em larga escala o piano elétrico. O resultado da obra fora surpreendente: mesmo tratando de temas complexos, o álbum obteve grande aceitação do público, rendendo o primeiro lugar nos hits semanais e a segunda colocação de álbum mais vendido no ano na Itália.
  •  Avaliação:
 



  • Ficha Técnica: 
Gravadora:Numero Uno
Lançamento:1973
Gênero:Rock Progressivo/Folk Rock/Soft Rock


  • Faixas:
A1) La Collina Dei Cilliegi
Compositor: Lucio Battisti, Mogol
4:58
A2) Ma È Un Canto Brasilero
Compositor: Lucio Battisti, Mogol
5:21
A3) La Canzone Della Terra
Compositor: Lucio Battisti, Mogol
5:28
A4) Il Nostro Caro Angelo
Compositor: Lucio Battisti, Mogol
4:11
B1) Le Allettanti Promesse 
Compositor: Lucio Battisti, Mogol
5:07
B2) Io Gli Ho Detto No 
Compositor: Lucio Battisti, Mogol
4:16
B3) Prendi Fra Le Mani La Testa
Compositor: Lucio Battisti, Mogol
3:51
B4) Questo Inferno Rosa
Compositor: Lucio Battisti, Mogol
6:54


  • Créditos: 

Vocal e Violão:
Lucio Battisti
Vocais de Apoio:
Mara Cubeddu, Mogol e Wanda Radicchi
Baixo:
Bob Callero
Bateria:
Gianni Dall’Aglio
Teclado, Sintetizador e Piano:
Gian Piero
Escrito Por:
Lucio Battisti
Letras:
Mogol
Mixagem:
Bruno Malasoma
Gravado Por:
John Leckie


*Inédito:

 

            Há uma versão diferente do álbum “Il Nostro Caro Angelo” que permanece não lançada, com um arranjo completamente diferente do já conhecido, é provavelmente a primeira versão do álbum, posteriormente arquivada.



  • Vídeos:

La Collina Dei Cilliegi 



Io Gli Ho Detto No




Curta esse Post !

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por comentar.