quarta-feira, 24 de agosto de 2011

The Stylistics - Round 2 (1972)

 
            Durante muito tempo o soul e o rhythm and blues foram viscerais na terra do Tio Sam. Muito forte desde a década de 50, esses estilos carregaram consigo muito do gospel norte-americano. A criação da Motown no final da década ratificou o gênero e possibilitou sucessivos êxitos de um único selo, além de contar em seu cast uma gama de músicos e grupos talentosíssimos como Diana Ross, The Temptations, Isley Brothers e Marvin Gaye, que dividiam  com a música pop e os excedentes da Beatlemania as primeiras posições nas paradas de sucesso. Toda essa atmosfera fez com que surgissem como em um fenômeno, uma série de músicos emergentes em busca de um eldorado, seja ele por meio de uma banda ou mesmo de uma carreira solo. E foi nessa onda, que paralelamente as criações de várias gravadoras que conseguissem captar esses talentos, como a Avco Records, surgia na cidade de Philadelphia, um famoso reduto de afro-americanos e imigrantes, bandas que produziam uma sonoridade parecida, que veio a ser chamado de "Sweet Philly". A união de parte dos grupos The Percussions e o The Monarchs resultaram na formação do Stylistics, ainda no ano de 1968. O sucesso que viria nos três anos seguintes, confirmado com um disco de ouro no seu debut marcaria nessa sensação da música negra atingir aquela velha fórmula e não por isso mais fácil de obter: a continuidade.
             Desde o lançamento de "The Stylistics", em 1971, o grupo garantia grande parte de seu talento a uma dupla que trouxe resultados muito positivos: o arranjador e produtor, também vindo da cena de Philadelphia, Thom Bell (que já havia trabalhado com os Delfonics) e a letrista Linda Creed. Juntos, compuseram os sucessos "Stop, Look, Listen (To Your Heart)" e "Betcha By Golly, Wow", que estouraria em 1972. Assim como a máxima de "time que está ganhando, não se mexe", a estratégia para o álbum que viria a ser lançado posteriormente era a de manter a parceria Bell/Creed. Um fato interessante e incomum para uma banda é que Round 2 não contaria com nenhuma canção composta pelos cinco integrantes da banda. Adiante, restava apenas a reunião nos estúdios da Stigma Sound para gravação do projeto.
            A estratégia de Bell de usar seus recursos lá da época de Delfonics no Stylistics e especialmente em Russel Thompkins fizeram efeito, já que é bastante explorada a técnica do falsete, que é executada pelo músico, com destaques a faixa que abre o trabalho, "I'm Stone In Love With You" e "Break Up To Make Up", um destaque importante é que ambas alcançaram o top dez dos singles da Billboard e o top 5 dos charts de R&B. Como um imponente grupo vocálico que era, muitas estruturas de harmonia estiveram nesse álbum, podendo ser citadas "If You Don't Watch Out", "You And Me" e "Peek-A-Boo". Da sessão de covers temos as boas "It's Too Late", interpretada outrora por Carole King e "You'll Never Get To Heaven (If You Break My Heart)", de Bacharach e Hal David, que obteve sucesso no ano seguinte. Duas faixas que destoam bastante do andamento soul de temática amorosa é a faixa que encerra o álbum, "Pieces", que beira o funk, recheada de metais e bateria e "Children Of The Night", um R&B de 7 minutos que diz muito em sua letra sobre a solidão, temática desencontrada das outras nove músicas. Em linhas gerais, essa obra fez uso em larga escala da sessão de cordas e das teclas de Bell, que entre o piano e a espineta, acompanhava muito bem o quinteto.
            A recepção no ano de 1972 foi boa a ponto de alguns singles colherem frutos no ano seguinte. A posição de número três nos charts de R&B e a trigésima segunda no Billboard 200 coroaram um grande feito a um grande grupo. A homogeneidade proposital de seus mentores fizeram com que "Round 2" fosse uma verdadeira referência de como se fazer soul voltado para as técnicas de canto (certa vez, o músico Maurice Gibb dos Bee Gees afirmou a influência de grupos da Sweet Philly no jeito de como se usar o falsete nas canções do trio). Com mais sucesso e mais um disco de ouro no currículo, o grupo acabava por exportar definitivamente suas canções para todo o globo.

  • Avaliação:
 






  • Ficha Técnica:
Gravadora:Avco Records
Lançamento:1972
Gênero:Soul e R&B


  • Faixas:
A1) I'm Stone In Love With You            Compositores: Anthony Bell, Linda Creed e Thom Bell
3:22
A2) If You Don't Watch Out                     Compositores: Linda Creed e Thom Bell 2:37
A3) You And Me                                             Compositores: Linda Creed e Thom Bell                 
2:46
A4) It's Too Late                                          Compositores: Carole King e Toni Stern                 4:32
A5) Children Of The Night                                  Compositores: Linda Creed e Thom Bell                  7:04
B1) You'll Never Get To Heaven (If You Break My Heart) Compositores: Burt Bacharach e Hal David3:40
B2) Break Up To Make Up                                    Compositores: Kenneth Gamble, Linda Creed e Thom Bell4:03
B3) Peek-A-Boo                                             Compositores: Gregory Guess e Norman Knox
2:56
B4) You're Right As Rain                                   Compositores: Linda Creed e Thom Bell                  3:49
B5) Pieces       Compositores: Linda Creed e Thom Bell                  3:14






  • Créditos:

Vocais:Airrion Love, Herb Murrel, James Dunn, James Smith e Russell Thompkins Jr. 
Vocais de Apoio:
Airrion Love, Herb Murrel, James Dunn, James Smith e Russell Thompkins Jr.
Guitarra:Norman Harris, Roland Chambers, Tony Bell e Eli Tartasky      
Baixo:Ronnie Baker
Bateria:Earl Young
Percussão:Vince Montana
Espineta e Piano:
Thom Bell
Congo:Larry Washington
Trompa:Joe DeAngelis, Robert Martin e Stephanie Fauber
Trompete:Bobby Hartzell e Rocco Bene 
Flauta:
Geroge Shaw e Jack Faith 
Trombone:Bob Moore, Richard Genevesse e Vincent Forchetti
Harpa:Mary Gale
Oboé:
Fredric Cohen
Cordas:
Albert Berone, Angelo Pretella, Charles Apollonia, Davis Barnett, Don Renaldo, Herschel Wise, Richard Jones, Romeo Distefano, Rudy Malizia e Tony Sinagoga
Engenheiros:Joe Tarsia, Joel Fine
Produção e Arranjo:
Thom Bell

  • Gravado e mixado no Stigma Sound Studios, Philadelphia, Estados Unidos, 1971-72




  • Vídeos:
If You Don't Watch Out


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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Luca Bulgarini - A Partir De Agora... (2004)


            Desde que teve seus primeiros passos de sua construção como músico, lá nos idos de 1984 com Elza Nogueira, esposa do excepcional Paulinho Nogueira, o violonista sempre viu em sua carreira profissional a interpretação de grandes pérolas da nossa música. Dois anos ali à frente, Luca aprimoraria seus conhecimentos com o próprio Paulinho, fator que o influenciaria a viver com a música. A partir de 1988, embarcou com seu grande ídolo e difundindo o gênero nos mais diversos locais. Desde então, Bulgarini também apresentara-se de forma solo em muitos estabelecimentos da imponente São Paulo, que é a sua terra natal, até propor um grande desafio: a produção de seu primeiro álbum enquanto compositor.
            Para essa produção especial, o músico paulista contou com a participação e prazer da presença de dois de seus maiores ídolos no violão: Toquinho e seu antigo professor. Luca ainda assina letra e arranjo de muitas das doze faixas, flertando além do samba, o jazz e o funk, esse com um viés pop bastante agradável. O álbum, que veio a ser lançado em 2004, marcou as duas últimas gravações de Nogueira em vida, o que fez desse trabalho um grande tributo, como revela o músico quando revela: "[...] jamais deixaria de homenagear um profissional que tanto fez pela história do violão no Brasil, deixando um legado musical riquíssimo e, além disso, me ensinou o que é a música brasileira”.
            As faixas deste primeiro álbum são divididas basicamente entre instrumentais e cantadas, ambas com extensas linhas de violão com a raiz do samba e da bossa. "À Nossa" e "Ítaúnas" encarnam esse lado rico do instrumental, carregada além das cordas de Luca Bulgarini, instrumentos de sopro, como a flauta na primeira e o saxofone na segunda faixa. Terceira faixa e candidatíssima a destaque desse trabalho, a faixa "Calmaria" é sem dúvida nenhuma um excelente samba, remetendo sem dúvida os tempos de ouro desse gênero riquíssimo, e tendo em sua letra uma referência ao estilo com aquela pitada de abandono amoroso, principalmente no trecho "faço do samba a minha alegria, seja noite seja dia, uma forma de oração/ E hoje canto pra você que quem diria me amou demais um dia, hoje já não ama não". As faixas "Simplesmente", a música de trabalho, e "Bachianinha nº1" são as últimas que a dupla Bulgarini/Nogueira tocaria juntos, sendo ambas compostas pelo saudoso sambista. "Implorando" marca a presença especialíssima de Toquinho. O interessante a notar é que em todas as faixas, Luca Bulgarini é o vocalista, exceto na clássica e décima faixa, Barracão, em que dona Iramaya Bulgarini assume os vocais. Os nomes não são apenas coincidência, trata-se da mãe de Luca, que interpreta o que é em sua visão, "uma das mais importantes dentro do contexto musical brasileiro". Atendendo ao samba de velha guarda, temos a faixa "Samba Só", cantada por Luca, que também toca cuíca e auxilia em boa parte da percussão. Podem ser notadas ainda as duas versões de "Atando os Nós", quem tem um ar mais contemporâneo contando na segunda versão um funk que é bem servido em teclados, metais e bateria. Os vocais de apoio nas duas versões ficam por conta de Vanessa Barun. A instrumental "Disse" marca a única parceria de Luca na composição (com Sílvia Martins) e "Até Breve" encerra o álbum em outro momento de música apenas no violão.
            Esse lançamento de Luca ratifica sua habilidade de mesclar gêneros sem tornar seu trabalho muito disperso. O violão possivelmente representa o elo desse segredo. A sensação que se tem ao conferir esse trabalho é de se notar uma progressão de estilos muito curiosa, desde os clássicos de Paulinho Nogueira, Toquinho e Luís Antônio/Oldemar, passando por boas representações dessa velha guarda com "Samba Só" e "Calmaria" até tomar um ar bastante contemporâneo no primeiro take de "Atando Os Nós" e ousando bastante para um lançamento de samba na segunda versão funk com o lado pop. A homenagem ao violonista e seu mentor na música não apenas reverenciava sua enorme capacidade, mas serve de tributo para muito do que o estilo do samba passou e tão quanto para o que pode vir a ousar nas cordas do violão deste grande talento de São Paulo e do Brasil. 

  • Avaliação:



  • Ficha Técnica:
Gravadora: -
Lançamento: 2004
Gênero: Samba, Pop




  • Faixas:
1 ) À Nossa Compositor: Luca Bulgarini                        4:07
2 ) Itaúnas Compositor: Luca Bulgarini                        5:21
3 ) Calmaria Compositor: Luca Bulgarini                        3:38
4 ) Simplesmente Compositor: Paulinho Nogueira                     4:23
5 ) Implorando Compositor: Toquinho                              2:59
6 ) Atando Os Nós Compositor: Luca Bulgarini                        2:49
7 ) Bachianinha nº1 Compositor: Paulinho Nogueira 3:09
8 ) Samba Só Compositor: Alvimar Ribeiro                       5:02
9 )  Disse Compositores: Luca Bulgarini e Sílvia Martins     3:48
10 ) Barracão Compositores: Luís Antônio e Oldemar Magalhães    2:57
11 ) Até Breve Compositor: Luca Bulgarini                        2:59
12 ) Atando Os Nós (Versão Pop) Compositor: Luca Bulgarini                        2:43




  • Créditos:
Vocais: Iramaya Bulgarini (10) e Luca Bulgarini
Vocais de Apoio:
Vanessa Barun (6 e 12)
Baixo:
Fernando Gualberto (2), Tiago de Ricco (6)
Violão:
Luca Bulgarini, Paulinho Nogueira (4 e 7), Tiago de Ricco (6) e Toquinho (5)
Bateria:
Edu Batera (2 e 12)
Percussão:
João Venturini (4, 6 e 12) e Teco Martins (8 e 10)
Cavaquinho: Renato Anesi (8)            
Flauta Transversal:
Lilliana Bertolini (1)
Saxofone:
Daniel Montanaro (2)
Metais:
Jarizinho, Júnior e Róbson Luís (12)

Grupo Pimenta Vermelha colaborou em (3) com:
Coral Claréia:  Cláudia Teresa, Didi, Douglas, Jorge e Patrícia 
Violão de 7:  Rosana Bergamasco
Cavaquinho:        Ana Cláudia César 
Pandeiro/Tamborim: Lilliane Martins
Flauta Tranversal: Lilliana Bertolini


  • Vídeo:
Calmaria


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quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Stefano Rosso - Una Storia Disonesta (1976)

           
            A ousadia de alguns compositores muitas vezes rompem barreiras e criam algo que fosse uma admiração por parte do grande público. Sem dúvida, tal virtude, dosada com a realidade que se é sentida no momento quando a obra vai a lançamento fazem de um trabalho um grande sucesso, justamente por trazer a arte da música à vida cotidiana de um país. Desde 1969, o compositor italiano Stefano Rosso compunha e participava de trabalhos de artistas como Claudio Baglioni e Gianni Morandi. A aposta da RCA Italiana estava feita. No ano de 1976, após diversas participações do músico no mainstream da música pop, a gravadora estava decidida a lançar seu primeiro trabalho.
            Aquele que viria a ser chamado de "Una Storia Disonesta" começou ainda no ano de 1976, com a escolha dos músicos envolvidos que dariam vida as idéias de Stefano. Luciano Ciccaglioni, experiente arranjador italiano e figurinha certa em cada cinco álbuns lançados pelos maiores músicos do país a cada ano, estaria nesse ousado projeto. Além dele, deve-se destacar o não menos experiente Mike Fraser, Piero Ricci e o grupo vocal Baba Yaga, que colaborou em "Manù". A gravadora, que ofereceu um contrato de três anos, ainda firmaria uma parceria com o produtor Antonio Coggio. A capa do trabalho é algo que já chama uma primeira atenção ao público: a fotográfica captura apenas dos olhos de Stefano para cima, dando enfoque em seu chapéu de couro, que se encontra um boneco apunhalado pelas costas por uma faca em sua aba, com o verso da capa o resto da imagem, dos olhos para baixo, com o músico fumando um cigarro. Esse seria o primeiro sinal da maneira "stefanesca" de comportar sua visão. Uma curiosidade interessante é que o álbum seria comercializado em janeiro de 1977, mas no próprio trabalho ele é colocado como no ano anterior.
            Sem dúvida, o método de composição de Rosso era bastante diferente de seus contemporâneos. Uma de suas ferramentas de construção era o uso do sarcasmo e da ironia, além de ter uma veia pulsante no lado da política, chegando a abordar o governo em algumas de suas faixas e situações; muitas canções autobiográficas, como sua estada no hospital no leito 26 após uma tonsilectomia em "Letto 26", que estava no compacto de 76 com "...Ci Siamo Ancora Noi". A faixa que abre o disco é a acústica "Giratondo". A irônica "La Banda Degli Zulù" ratifica a inteligência do compositor ao citar um grupo de músicos que são vistos com maus olhos e criticados por três pessoas, que ao final da canção, ficamos, a saber, que são essas um cafetão, um ladrão e um contrabandista. A faixa título e primeira do lado B traz toda a polêmica do trabalho. Tratava objetivamente dos desdobramentos da escolha do Estado a legalizar a maconha. Profético foram aos versos "e in canzonetta lui polemizzò così/che bello, due amici una chitarra e lo spinello". Termo spinello em português remete ao cigarro de maconha. A polêmica que Stefano fez repercutiu no público e tornou a tal história desonesta num sucesso. O país, também foi bem lembrado em "Il Circo", em uma metáfora, relacionando palácio, equilibrista e tudo mais com os acontecimentos do país. No toada das autobiográficas, o lado B seguiu com a tradicional "Pane e Latte" e a bela "Compleanno" que tratam respectivamente da família do músico e de seu nascimento e vida e talvez a mais grandiosa desse segmento do álbum, a música que encerra o trabalho, a bem arranjada "Anche Se Fosse Peggio", que reflete com a ironia habitual, todas as coisas que viu e passou, como "ladrões autodidatas, ministros sem pasta, compositores loucos". O segundo single estaria então por pegar as duas canções mais profundas desse trabalho: o hit "Una Storia Disonesta" e "Anche Se Fosse Peggio".
            As lições que esse belo lançamento colocam é um tipo de música bem diferente do cenário da época. O Bluegrass e Folk de Rosso, com o extenso uso do finger picking dão um som bastante especial ao trabalho. Seu método de compor era vigoroso e destemido, tratando sempre de questões mundanas daquela Itália que chegava ao final dos anos 70 com bastante sarcasmo e ironia do ponto de vista popular. Stefano faria, em um trabalho, dois legados: triunfar com uma música rica em regionalidade e construir um método bastante diferente de se compor, servindo como influência a muitas gerações seguintes.


  • Avaliação:


  • Ficha Técnica:

Gravadora: RCA Italiana
Lançamento 1976
Gênero: Bluegrass, Folk e Regional

  • Faixas:


A1) Giratondo Compositor: Stefano Rosso      2:06
A2) La Banda Degli Zulù Compositor: Stefano Rosso      2:37
A3) Manù Compositor: Stefano Rosso      3:47
A4) Letto 26              Compositor: Stefano Rosso      3:27
A5) Non Gioco Più    Compositor: Stefano Rosso      4:21
B1) Una Storia Disonesta Compositor: Stefano Rosso      2:44
B2) Il Circo         Compositor: Stefano Rosso      3:55
B3) Basta Un'Ora Sola     Compositor: Stefano Rosso      2:03
B4) Pane E Latte         Compositor: Stefano Rosso      1:47
B5) Compleanno Compositor: Stefano Rosso      3:14
B6) Anche Se Fosse Peggio Compositor: Stefano Rosso      3:01




  • Créditos:



Vocais: Stefano Rosso
Vocais de Apoio: Grupo Baba Yaga (3)
Violão:
Luciano Ciccaglioni e Stefano Rosso
Baixo: Piero Ricci
Guitarra: Luciano Ciccaglioni
Bateria: Massimo Bozzi
Piano, Piano Elétrico:
Mike Fraser
Espineta:
Mike Fraser
Percussão:
Massimo Bozzi e Piero Ricci
Gaita: Luciano Ciccaglioni (11)
Mandolim e Banjo Luciano Ciccaglioni 
Malimba: Luciano Ciccaglioni e Piero Ricci
Violino:
Tino Fornai
Arranjos: Luciano Ciccaglioni e Piero Ricci (1 a 3 e 5 a 11) e Piero Pintucci (4)        
Produtor: Antonio Coggio




  • Vídeos:



Basta Un'Ora Sola



Non Gioco Più



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segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Cocteau Twins - Heaven Or Las Vegas (1990)


            Dos oito trabalhos anteriores do grupo escocês, algumas coisas podem ser notadas como mudanças. No início da década de 80, emergiram com o som do post-punk, com elementos do gótico, principalmente no debut "Garlands". Desde então, houve apenas uma alteração na formação, a saída do baixista Will Heggie, logo após o álbum citado e a substituição por Simon Raymonde. Completariam a formação a vocalista Elizabeth Fraser e o multi-instrumentista Robin Guthrie. A evolução dos trabalhos que apontavam para o dream pop estiveram presentes em pelo menos nos três últimos lançamentos do trio, o que pode ter auxiliado e dado embasamento a sua nova obra: Heaven Or Las Vegas, de 1990.
            O seu último trabalho com a gravadora 4AD ficou marcado por controvérsias com seu dono, Ivo Watts-Russell. O processo de gravação não fora nada fácil e a vida particular dos integrantes intervieram de formas diferentes sobre o processo criativo: Um ano antes, nasceria Lucy Belle, filha de Fraser com companheiro de trio, Robin Guthrie. Durante esse período, deliberadamente, o guitarrista envolveu-se em problemas recorrentes com drogas que atrapalharam a sua performance, de forma que Raymonde ficou sobrecarregado no processo do álbum.
            Aqui, podem ser citadas o belo trabalho em cima do vocal, além das letras que dizem muito a respeito do momento-mãe em que passava a cantora, podendo ser citada a bela faixa "Wolf In The Breast". Também podem ser notados momentos em que a relação de casal é colocada, seja do modo verídico ou apenas utópico em pauta, como "Fifty-Fifty Clown" e "I Wear Your Ring". Por ser um álbum na base do dream pop, notamos alguma homogeneidade nas harmonias, sempre muito ricas nos efeitos dos sintetizadores, baterias eletrônicas e afins. Os destaques que viraram single foram "Iceblink Luck" e a faixa-título, "Heaven Or Las Vegas", que é quase uma declaração, admitida nos versos finais da faixa. Deve ser destacado que nenhuma faixa conta com nenhuma sensacional introdução ou encerramento, mas toda a articulação e construção se dão no meio das músicas e elas simplesmente surgem de um silêncio proposital e voltam. Exemplos estão mais explícitos nas segunda e quarta faixa. O destaque de todo esse lançamento vai para "Cherry-Coloured Funk", onde temos a banda bastante definida, com Guthrie na guitarra, Raymonde no baixo e captando toda a atmosfera, a excelente participação de Elizabeth.
            Lançado e conferido principalmente no Reino Unido, "Heaven Or Las Vegas" foi o mais bem aceito de todos os álbuns que viriam da banda britânica. A sétima colocação nos UK Charts, além da nonagésima nona posição no Billboard 200 seriam alguma das melhores posições que o trio frequentaria. Os dois singles, citados anteriormente, atingiriam a quarta e nona posição do US Modern Charts, confirmando o sucesso que a banda consolidou. O amadurecimento das melodias e a melhora de todos os integrantes em seu processo criativo culminaram em uma saída pela porta da frente da gravadora que os levara para a música. Dali para frente, a missão dos escoceses seria ponderar os egos para manter-se na esteira do sucesso.

  • Avaliação:



  • Ficha Técnica:
Gravadora:4AD
Lançamento:1990
Gênero:Alternative e Dream Pop




  • Faixas:
A1) Cherry-Coloured Funk                        Compositores: Elizabeth Fraser, Robin Guthrie e Simon Raymonde3:12
A2) Pitch A Baby                                Compositores: Elizabeth Fraser, Robin Guthrie e Simon Raymonde3:17
A3) Iceblink Luck                               Compositores: Elizabeth Fraser, Robin Guthrie e Simon Raymonde3:17
A4) Fifty-Fifty Clown                           Compositores: Elizabeth Fraser, Robin Guthrie e Simon Raymonde3:15
A5) Heaven Or Las Vegas            Compositores: Elizabeth Fraser, Robin Guthrie e Simon Raymonde4:57
B1) Wear Your Ring                            Compositores: Elizabeth Fraser, Robin Guthrie e Simon Raymonde3:40
B2) Fotzepolitic  Compositores: Elizabeth Fraser, Robin Guthrie e Simon Raymonde3:31
B3) Wolf In The Breast                          Compositores: Elizabeth Fraser, Robin Guthrie e Simon Raymonde3:32
B4) Road, River and Rail                        Compositores: Elizabeth Fraser, Robin Guthrie e Simon Raymonde3:21
B5) Frou-Frou Foxes in Midsummer Fires          Compositores: Elizabeth Fraser, Robin Guthrie e Simon Raymonde5:36



  • Créditos:
Vocal:Elizabeth Fraser
Guitarra, Programação:Robin Guthrie
Baixo:Simon Raymonde
Produção:
Cocteau Twins


  • Gravado no September Sound, Londres, Inglaterra, 1990.


Vídeos:


Fifty-Fifty Clown



I Wear Your Wing



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