quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Parthenon Huxley - Purgatory Falls (2001)



                Com carreira solo construída com muito esforço desde os anos finais da década de 80, destacou-se sempre pela voz rouca e pelo timbre todo particular de suas guitarras e violões. Com diferentes avaliações positivas desde a "estreia monumental" dada pela conceituada Rolling Stone em seu "Sunny Nights" e o prêmio de álbum do ano de 1995 pela “Audities Magazine”, o músico também acumulou críticas em alguns grupos que participou, como na ocasião do lançamento de "Veg" em 1995 - que a “Mojo Magazine” classificaria como "marvelous stuff", além de pelo grupo The Orchestra no qual foi produtor e um dos músicos mais relevantes na construção do trabalho "No Rewind". Em meio a tanto sucesso de crítica soando sempre entre o pop rock e o alternativo, uma tragédia acometeria Huxley e acabaria em muito por dar tônica e inspiração desde 1997 para o que viria a ser seu lançamento quatro anos depois: a morte de sua esposa Janet Heaney em decorrência de um câncer. Esses últimos acontecimentos fariam do projeto "Purgatory Falls" um verdadeiro trabalho de reconstrução pessoal e reconsideração musical.
                Com uma equipe mais recheada desde seu último lançamento (Deluxe, 1995), Hux contaria em adicional com um trabalho bem mais extenso de cordas, que resultaria nas relevantes participações do violinista Mik Kaminski e de Timothy Loo no violoncelo, com o adendo de Jim Jacobsen que ficou responsável pelas cordas, mixagens e parte da engenharia. Remanescente do trabalho anterior, Gordon Townsend continua com as baquetas, além de assinar o mellotron em uma faixa e contribuir grandemente com os vocais de apoio. Completariam o time em certas faixas o baterista Ric Menck e o baixista Dan Rothchild, que por parte supriria a ausência de seu antecessor Rob Miller (que aqui participa em duas faixas). Uma mudança relevante foi a troca de selo, saindo Black Olive e entrando Nineteen Eighteen Records.
                Com a proposta de um trabalho dinâmico, Huxley alterna com frequência a sonoridade do álbum, dentro principalmente do lado acústico (com uso do violão com a técnica do dedilhado) e seu lado mais pop rock (sem abdicar da distorção na guitarra). Como um tributo, a totalidade das letras abordam a visão do início ao fim do relacionamento: a entrada "4258", aborda, com muitas cordas e em uma versão acústica, o início de uma relação, tendo nela o primeiro uso da técnica de crossfade, que conduz para o hit da carreira de Parthenon - #1 nos download charts da Rolling Stone - "I Loved Everything", que soa bastante pop rock, com a primeira boa participação de Gordon nos vocais de apoio e a primeira mostra da técnica de Hux na guitarra. A sequência "Rubble" - "My Sweet Nothing" conta com o tema perda em comum (destacado nos versos "My livin' angel I saw you spread your wings" e "I once had something now it's a scar"), a musicalidade acústica e o uso de cordas. As duas relevantes diferenças que se notam é que em "My Sweet Nothing", Mik Kaminski contribui de forma elementar com uma bela introdução solo no violino e que no final da faixa com a entrada de baixo, guitarra e bateria, o álbum toma uma reviravolta para o pop rock, que seria confirmada pela sequência "Goldmine" e em menor intensidade - com uma letra mais sentimental e com mais distorção - "Red Eyeliner". "Steer Clear" trabalha com as memórias de Huxley sobre Janet ("cause there's another woman in my head") e é muito bem sucedida nas harmonias vocais e nos efeitos, enquanto "Offer You The World" encerra as batidas pop rock do álbum. "Belief" pode ser tida como a faixa acústica mais profunda do álbum: o belo arranjo de mellotron de Gordon Townsend, os vocais de Parthernon e a bela sequência de acordes encaixam perfeitamente com os versos de confissão de um relacionamento tragicamente encerrado (explicitados na sequência "when you leave a room, the lights go out, go out/I have never seen a life so true/that's why i put my belief in you"). "Chordothelord" trabalha com o experimentalismo (soando bastante Electric Light Orchestra), tendo além de um extenso trabalho de Kaminski, algumas vozes que podem ser reconhecidas como do próprio Huxley.
                Como intenção de pessoalidade e tributo - conhecer sua amada, descobrir sua doença, sentir a sensação de perdê-la e reconstituir a vida - o álbum consegue atingir plenamente seu objetivo. A mudança de sonoridade desde seu último álbum (à época, Deluxe, de 1995) traz um novo panorama para a carreira do músico, do pop rock e do lado acústico mais enraizado. O cinzento "Purgatory Falls" estaria então como uma página específica de sua carreira: um trabalho que torna muito difícil a separação de sua audição e do sentimento empregado pelo artista. Certa vez, Hux disse que pela ideia do trabalho, era importante modelá-lo de modo que funcionasse como um álbum. É mais que certo que a mensagem dada no trabalho fora passada, do drama pessoal do músico para qualquer um que escutasse a obra pela primeira vez (ou não)  - canalizando emoção, tristeza e alegria - sem que precisasse conhecer a história das composições. Huxley (re) começaria de forma triunfal: um álbum para ouvir-se completo e tirar próprias reflexões.


  • Avaliação: 




  • Ficha Técnica:
Lançamento:
2001
Gravadora:  Nineteen Eighteen Records
Gênero: Pop rock e rock


  • Faixas:
1) 4258  Compositor: Parthenon Huxley 2:52
2) I Loved Everything Compositor: Parthenon Huxley 3:18
3) Rubble Compositor: Parthenon Huxley 3:20
4) My Sweet Nothing Compositor: Parthenon Huxley 5:06
5) Goldmine Compositor: Parthenon Huxley 3:29
6) Red Eyerliner Compositor: Parthenon Huxley 3:39
7) Steer Clear Compositor: Parthenon Huxley 3:35
8) Offer You The World Compositor: Parthenon Huxley 2:58
9) Belief Compositor: Parthenon Huxley 3:14
10) Chordothelord Compositor: Parthenon Huxley 1:50


  • Créditos:
Vocal: Parthenon Huxley
Vocais de Apoio:  Dan Rothchild e Gordon Townsend
Baixo: Dan Rothchild e Rob Miller
Guitarra: Parthenon Huxley
Violão: Parthenon Huxley
Bateria: Gordon Townsend e Ric Menck
Teclados: Gordon Townsend
Mellotron: Gordon Townsend
Violino: Mik Kaminski
Violoncelo: Timothy Loo
Cordas: Jim Jacobsen
Engenheiros: C.J. DeVillar e Jim Jacobsen
Produção: Jim Jacobsen

  • Vídeos:



Curta esse Post !