Com
carreira solo construída com muito esforço desde os anos finais da década de
80, destacou-se sempre pela voz rouca e pelo timbre todo particular de suas
guitarras e violões. Com diferentes avaliações positivas desde a "estreia
monumental" dada pela conceituada Rolling Stone em seu "Sunny
Nights" e o prêmio de álbum do ano de 1995 pela “Audities Magazine”, o
músico também acumulou críticas em alguns grupos que participou, como na
ocasião do lançamento de "Veg" em 1995 - que a “Mojo Magazine”
classificaria como "marvelous stuff", além de pelo grupo The
Orchestra no qual foi produtor e um dos músicos mais relevantes na construção
do trabalho "No Rewind". Em meio a tanto sucesso de crítica soando
sempre entre o pop rock e o alternativo, uma tragédia acometeria Huxley e acabaria
em muito por dar tônica e inspiração desde 1997 para o que viria a ser seu
lançamento quatro anos depois: a morte de sua esposa Janet Heaney em
decorrência de um câncer. Esses últimos acontecimentos fariam do projeto
"Purgatory Falls" um verdadeiro trabalho de reconstrução pessoal e
reconsideração musical.
Com uma
equipe mais recheada desde seu último lançamento (Deluxe, 1995), Hux contaria
em adicional com um trabalho bem mais extenso de cordas, que resultaria nas
relevantes participações do violinista Mik Kaminski e de Timothy Loo no
violoncelo, com o adendo de Jim Jacobsen que ficou responsável pelas cordas,
mixagens e parte da engenharia. Remanescente do trabalho anterior, Gordon
Townsend continua com as baquetas, além de assinar o mellotron em uma faixa e
contribuir grandemente com os vocais de apoio. Completariam o time em certas
faixas o baterista Ric Menck e o baixista Dan Rothchild, que por parte supriria
a ausência de seu antecessor Rob Miller (que aqui participa em duas faixas).
Uma mudança relevante foi a troca de selo, saindo Black Olive e entrando
Nineteen Eighteen Records.
Com a
proposta de um trabalho dinâmico, Huxley alterna com frequência a sonoridade do
álbum, dentro principalmente do lado acústico (com uso do violão com a técnica
do dedilhado) e seu lado mais pop rock (sem abdicar da distorção na guitarra).
Como um tributo, a totalidade das letras abordam a visão do início ao fim do
relacionamento: a entrada "4258", aborda, com muitas cordas e em uma
versão acústica, o início de uma relação, tendo nela o primeiro uso da técnica
de crossfade, que conduz para o hit da carreira de Parthenon - #1 nos download
charts da Rolling Stone - "I Loved Everything", que soa bastante pop
rock, com a primeira boa participação de Gordon nos vocais de apoio e a
primeira mostra da técnica de Hux na guitarra. A sequência "Rubble" -
"My Sweet Nothing" conta com o tema perda em comum (destacado nos
versos "My livin' angel I saw you spread your wings" e "I once
had something now it's a scar"), a musicalidade acústica e o uso de
cordas. As duas relevantes diferenças que se notam é que em "My Sweet
Nothing", Mik Kaminski contribui de forma elementar com uma bela
introdução solo no violino e que no final da faixa com a entrada de baixo,
guitarra e bateria, o álbum toma uma reviravolta para o pop rock, que seria
confirmada pela sequência "Goldmine" e em menor intensidade - com uma
letra mais sentimental e com mais distorção - "Red Eyeliner".
"Steer Clear" trabalha com as memórias de Huxley sobre Janet
("cause there's another woman in my head") e é muito bem sucedida nas
harmonias vocais e nos efeitos, enquanto "Offer You The World"
encerra as batidas pop rock do álbum. "Belief" pode ser tida como a
faixa acústica mais profunda do álbum: o belo arranjo de mellotron de Gordon
Townsend, os vocais de Parthernon e a bela sequência de acordes encaixam
perfeitamente com os versos de confissão de um relacionamento tragicamente
encerrado (explicitados na sequência "when you leave a room, the lights go
out, go out/I have never seen a life so true/that's why i put my belief in
you"). "Chordothelord" trabalha com o experimentalismo (soando
bastante Electric Light Orchestra), tendo além de um extenso trabalho de
Kaminski, algumas vozes que podem ser reconhecidas como do próprio Huxley.
Como
intenção de pessoalidade e tributo - conhecer sua amada, descobrir sua doença,
sentir a sensação de perdê-la e reconstituir a vida - o álbum consegue atingir
plenamente seu objetivo. A mudança de sonoridade desde seu último álbum (à
época, Deluxe, de 1995) traz um novo panorama para a carreira do músico, do pop
rock e do lado acústico mais enraizado. O cinzento "Purgatory Falls"
estaria então como uma página específica de sua carreira: um trabalho que torna
muito difícil a separação de sua audição e do sentimento empregado pelo
artista. Certa vez, Hux disse que pela ideia do trabalho, era importante
modelá-lo de modo que funcionasse como um álbum. É mais que certo que a
mensagem dada no trabalho fora passada, do drama pessoal do músico para qualquer
um que escutasse a obra pela primeira vez (ou não) - canalizando emoção, tristeza e alegria - sem
que precisasse conhecer a história das composições. Huxley (re) começaria de
forma triunfal: um álbum para ouvir-se completo e tirar próprias reflexões.
- Ficha Técnica:
Lançamento: |
2001
|
Gravadora: | Nineteen Eighteen Records |
Gênero: | Pop rock e rock |
- Faixas:
1) 4258 | Compositor: Parthenon Huxley | 2:52 |
2) I Loved Everything | Compositor: Parthenon Huxley | 3:18 |
3) Rubble | Compositor: Parthenon Huxley | 3:20 |
4) My Sweet Nothing | Compositor: Parthenon Huxley | 5:06 |
5) Goldmine | Compositor: Parthenon Huxley | 3:29 |
6) Red Eyerliner | Compositor: Parthenon Huxley | 3:39 |
7) Steer Clear | Compositor: Parthenon Huxley | 3:35 |
8) Offer You The World | Compositor: Parthenon Huxley | 2:58 |
9) Belief | Compositor: Parthenon Huxley | 3:14 |
10) Chordothelord | Compositor: Parthenon Huxley | 1:50 |
- Créditos:
Vocal: | Parthenon Huxley |
Vocais de Apoio: | Dan Rothchild e Gordon Townsend |
Baixo: | Dan Rothchild e Rob Miller |
Guitarra: | Parthenon Huxley |
Violão: | Parthenon Huxley |
Bateria: | Gordon Townsend e Ric Menck |
Teclados: | Gordon Townsend |
Mellotron: | Gordon Townsend |
Violino: | Mik Kaminski |
Violoncelo: | Timothy Loo |
Cordas: | Jim Jacobsen |
Engenheiros: | C.J. DeVillar e Jim Jacobsen |
Produção: | Jim Jacobsen |
- Vídeos: