domingo, 14 de outubro de 2012

Isley Brothers - 3+3 (1973)



                 Se há toda aquela argumentação geral sobre o rock e a importância majoritária da música britânica para sua disseminação, o mesmo é valido e com mais força para os Estados Unidos com a soul music. Celeiros por todo o país, da Filadélfia até Los Angeles, passando por Ohio, muitos talentos da música negra de maneira geral disputaram acirradamente os charts do país. E em toda a construção dessa nova musicalidade, os Isley Brothers possuem importância relevante no meio de uma história comum de talento familiar (já que Ronald, Rudolph e o mais velho, O'Kelly, haviam dentre muitas coisas em comum o parentesco e o nome Isley). Os compositores e intérpretes da mundialmente famosa "Twist And Shout" passariam, desde 1959, por grandes momentos tendo como o auge comercial, a segunda colocação do álbum "It's Your Thing" nas paradas britânicas. Chegando o ano de 1973, o grupo permanecia firme junto à sua sonoridade soul e funk. É por este cenário que os irmãos Isley escancarariam a primeira porta do grande público.
                Seguindo na mesma gravadora, o trabalho viria a ser produzido pelos irmãos Rudolph-Ronald e possuiria uma sonoridade mais profunda no funk, isso significando não necessariamente a perda da pegada mais R&b e soul que o grupo mostrava no álbum do ano anterior. Apesar de antes participarem do grupo, mesmo não como membros fixos, este álbum marcou a estreia dos irmãos mais novos Marvin e Ernie (a assumir baixo e guitarra, respectivamente), além da entrada do primo, Chris Jasper. Com a equipe de músicos praticamente fechada, o único novato no grupo foi Truman Thomas, que assumiu o órgão (como músico de sessão). É justamente neste ponto que venha a se justificar a escola do título three plus three, já que reune nela os três elementos fixos do grupo, que soava bem mais a par de outros grupos vocais da época para a oma de mais três elementos, que a muito acrescentaria na parte da musicalidade. Em relação às músicas do álbum, vale a destacar que o álbum, não fugindo da tradição dos últimos álbuns do grupo, possui quatro interpretações de músicas de Seals & Crofts, James Taylor, Jonathan Edwards e do maior sucesso do grupo Doobie Brothers (escrita pelo vocalista e guitarrista Tom Johnston). Interessante citar, que além de tais interpretações, o grupo em nenhum momento usa das características do músico compositor, como que a traduzindo para uma forma toda Isley Brothers de interpretar a faixa.
                Mais entrosados do que nunca, a abertura do álbum, com a segunda versão de "That Lady, Pts 1 & 2" já traz uma das primeiras características marcantes do álbum, a citar, o extenso uso de sintetizadores tocados pelo habilidoso Chris Jasper, bem como a percussão e bateria presentes. Com uma balada característica do R&B e bem arranjada entre Ernie (no violão), Moreland nas baquetas, Jasper e Marvin, a leitura da "Don't Let Me Be Lonely Tonight" de Taylor marcaria também a primeira grande interpretação de Ronald Isley nos vocais. Retomando a pegada mais funk, "If You Were There" traz de volta as harmonias vocais de Rudolph e O'Kelly acompanhando o vocalista do grupo, bem como uma linha de baixo bem funkeada de Marvin Isley, tendo, em acréscimo à participação de Thomas, a fórmula repetida em "You Walk Your Way". O cover do Doobie Brothers soa tão grandioso quanto e vestido sob uma roupagem fortemente funkeada, com direito as harmonias, junto às teclas e linhas de baixo com toda uma pegada particular do estilo, fechando em grande estilo o Lado A da obra. Com a mesma pegada soul e funk do lado A, "What Comes Down To You", adota toda a munição musical que se tem a disposição, inclusive a guitarra, empunhada por Ernie em um solo final calibrado de efeitos. A mais pesada faixa do álbum fica por encargo de "Sunshine (Go Away Today)", recheada da excelente cozinha do grupo, com adendo dos sintetizadores e de um oportuno duelo entre Jasper e Ernie. Se em todos os covers anteriores o grupo trouxe muito de suas características, na faixa composta por Seals & Crofts não foi diferente: do folk da dupla norte-americana direto para o melhor que o R&B enquanto gênero poderia oferecer, com harmonias grandiosas, um Ernie Isley que de forma triunfal empunha a guitarra solo em sua melhor participação no trabalho, além da perfeita sincronia entre Jasper, Marvin e George Moreland, criando aquela que seria um dos dois singles do grupo a promover a obra. A concluir o álbum, sob uma bela harmonia no piano (aqui consolidando Chris Jasper como um dos músicos chave da banda) e do acompanhamento entrosamento do grupo, "Highways of My Life" termina por consagrar igualmente os vocais de Ronald Isley bem como o apoio sempre presente de Rudolph e O'Kelly.
                Os resultados de tal trabalho não demorariam a chegar, já que no mesmo ano, o grupo alcançou a segunda colocação nos charts de R&b e a oitava na Billboard 200, além de suas escolhas para músicas de trabalho: no ano de 1973 "That Lady Pt. 1 & 2" e "What It Comes Down To" atingir posições sólidas no Top Five no US Billboard Black Single Charts e no ano de 1974, "Summer Breeze" atingiria o Top Ten do chart R&B singles e a sexagésima posição do Billboard Hot 100. Grande parte desse sucesso que o álbum protagonizou fora a fórmula de nova roupagem de todo o material interpretado no álbum: a competência estava acima de tudo na forma como rock, folk, country e pop ballad transformar-se-iam no melhor da música negra da época. De vez, o agora somatório entre três e três alavancava para voos mais altos.



  • Avaliação: 


  • Ficha Técnica:

Gravadora: T-Neck/Epic Records
Lançamento:
1973
Gênero:
R&b, Funk e Soul


  • Faixas:

A1) That Lady, Pt. 1 & 2 Compositores: Ernie, Marvin, O'Kelly, Ronald, Rudolph e Jasper 5:43
A2) Don't Let Me Be Lonely Tonight  Compositor: James Taylor 4:02
A3) If You Were There Compositores: Ernie, Marvin, O'Kelly, Ronald, Rudolph e Jasper 3:23
A4) You Walk Your Way  Compositores: Ernie, Marvin, O'Kelly, Ronald, Rudolph e Jasper 3:05
A5)  Listen to the Music Compositor: Tom Johnston  4:05
B1) What It Comes Down To Compositores: Ernie, Marvin, O'Kelly, Ronald, Rudolph e Jasper 3:54
B2) Sunshine (Go Away Today)   Compositor: Jonathan Edwards 4:22
B3) Summer Breeze Compositores: Dash Crofts e Jim Seals 6:13
B4) The Highways of My Life   Compositores: Ernie, Marvin, O'Kelly, Ronald, Rudolph e Jasper 4:17
    


Créditos:

Vocais:  Ronald Isley
Vocais de Apoio:  O'Kelly Isley, Ronald Isley e Rudolph Isley
Baixo:  Marvin Isley
Violão:  Ernie Isley
Guitarra, Guitarra 12 cordas: Ernie Isley
Piano, Piano Elétrico ARP Synth, Moog, Clavinete: Chris Jasper
Órgão, Teclados: Truman Thomas
Bateria:  George Moreland
Tom-Tom: Ernie Isley e George Moreland  
Maracas:  Ernie Isley
Congas:  Rocky (4)
Condução: Kwasi "Rocky" Dzidzornu   
Tambourine: Chris Jasper
Engenheiros: Malcolm Cecil e Robert Margouleff
Produção: Isley Brothers  
                     

  • Gravado no Record Plant West, Los Angeles, Califória, Estados Unidos, 1973

  • Vídeos

That Lady
       


What It Comes Down To


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segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Ivan Lins - Modo Livre (1974)

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                Assim como uma grande parcela dos talentos que o Brasil produzia no conturbado final dos anos 60 através dos festivais, Ivan Lins fez-se tomar conhecimento das grandes plateias país a fora. Pianista desde os dezoito anos e dualizando o emergente talento à engenharia química por opção de graduação, possui seu primeiro sucesso na segunda colocação do Festival Internacional da Canção, com a faixa "O Amor é o meu país". A composição de "Madalena", que ganharia fama nos vocais de Elis Regina ilustrariam a nível nacional a carreira - ainda que curta - do cantor. Sob a produção de Paulinho Tapajós, lança seus três primeiros álbuns sob o selo Phillips, que cronologicamente marcou um amadurecimento e abertura popular da sonoridade de Lins, que em 1972, no lançamento "Quem sou eu ?" já apresentava uma roupagem que bastante lembrava a sonoridade de Elton John (do mesmo período). Foi nessa guinada com mudanças na produção e no estilo técnico que marcariam o quarto lançamento e até então o mais popular de sua carreira.
                Uma primeira mudança que ordenaria o trabalho seria o novo cargo de produtor, de Tapajós para o produtor Raymundo Bittencourt (que chegou a trabalhar com "a intérprete favorita de Vinícius", Maria Creuza). A troca se selo, da Phillips para a RCA-Victor seria a segunda pista de um lançamento que teria ambição a nível nacional. Entre os vários músicos que participaram do projeto, destaques para o trio do Som Imaginário: Robertinho Silva, Luiz Alves e Wagner Tiso, o “fliscornista” Márcio Montarroyos, os grupos vocais Quarteto em Cy e MPB-4, além do rodado arranjador Arthur Verocai. Ademais, "Modo Livre" reuniria pela primeira vez a parceria Ivan Lins e Vitor Martins, que assinariam uma faixa.
                Nesse lançamento em específico, com um viés mais popular, Ivan adota uma sonoridade que é enriquecida por um excelente trabalho de percussão e metais, construindo toda sua musicalidade com base no samba, a citar "Rei do Carnaval", "Não tem Perdão" e mais puxado para a parte da harmonia vocal do excelente MPB-4, "Tens (Calmaria)", que por sua vez encerra-se com um belo solo de fliscorne na participação de Montarroyos. A interpretação de um sucesso de Caetano Veloso, "Avarandado", contrapõe a sonoridade mais explícita para a levada MPB com bastante equilíbrio entre os vocais (quase falseteados) de Ivan com as teclas, que em estrutura seria retomada no lado B por "Desejo". O carro-chefe do álbum vêm do início da grande dupla Lins/Martins, com o maior sucesso do álbum, "Abre Alas", que dentro da interpretação, pode ser vista como um retrato da contracultura face as políticas vigentes ("apare os teus sonhos que a vida tem dono e ela vem te cobrar") e reafirmando sempre nos coros a proximidade das mudanças "abre alas para a minha folia/já está chegando a hora". A temática de alívio/liberdade é vista com mais intensidade nos versos e coros imponentes de "Deixa eu dizer" e "Chega", sendo essa última auxiliada por um belo solo de metais e orquestração, que se têm sequência no grande trabalho de Verocai em "Espero". O samba é retomado na excelente junção entre piano elétrico, a flauta e a sempre entrosada cozinha entre Luiz Alves e Robertinho na faixa "Essa Maré", que por sua vez diversifica o rumo do trabalho mais para as relações amorosas. A conclusão do trabalho reforça a coesão tida nas faixas anteriores em um Pot-Pourri ao ritmo de antigos carnavais como "General da Banda/A Fonte Secou/Recordar é Viver". De forma geral, "Modo Livre" é um coro ao sentimento de liberdade e fuga das pressões e insatisfações que rodeiam a vida de qualquer pessoa. Em tempo, essa visão (que é sustentada pelas excelentes letras compostas nas parcerias) pode ser expandida ao contexto social, que amplia as noções da música em relação aos anos mais complicados da transição Médici/Geisel e sua verdadeira delimitação ao território criativo que pudesse servir de mobilização popular ante ao governo.
                Finalizado, "Modo Livre" soa mesmo como a brevidade e densidade de um Carnaval, encarnando a primeira aventura de Ivan Lins em muitos aspectos: soando mais popular e mais íntimo do samba, nas novas parcerias nas composições, em uma gravadora com grandes ambições e em uma equipe que possui em sua figura planos a nível nacional. Como saldo do melhor álbum de Ivan desde então pode-se tirar além do excelente trabalhos de todos os músicos envolvidos, a qualidade das composições, que de acordo com o andamento do trabalho, criam um quadro de múltiplas interpretações, a serem analisadas desde o viés político de Lins até as situações pessoais, visto que é uma obra sempre objetivando a liberdade, em quaisquer cenários que se possam nela imaginar.

Avaliação:




Ficha Técnica:



Gravadora: RCA/Victor
Lançamento: 1974
Gênero: MPB e Samba

Faixas:

Lado A:



1)Rei do Carnaval Compositores:  Ivan Lins e Paulo César Pinheiro 2:31
2)Deixa Eu Dizer Compositores:  Ivan Lins e Ronaldo Monteiro de Souza 3:13
3)Avarandado Compositor: Caetano Veloso                                3:13
4)Tens (Calmaria) Compositores:  Ivan Lins e Ronaldo Monteiro de Souza  2:51
5)Não Tem Perdão Compositores:  Ivan Lins e Ronaldo Monteiro de Souza  4:54 

Lado B:



1 )Abre Alas           Compositores: Ivan Lins e Vitor Martins 3:11
2) Chega            Compositor: Ivan Lins 3:09
3) Espero                  Compositores:  Ivan Lins e Ronaldo Monteiro de Souza 2:24
4 )Essa Maré Compositores:  Ivan Lins e Ronaldo Monteiro de Souza 2:15
5) Desejo Compositores:  Ivan Lins e Ronaldo Monteiro de Souza 2:19
6) General da Banda/A Fonte Secou/Recordar Compositores:  Alcides, Satrio de Melo e Tancredo Silva/Marcléo, Mansuelo Menezes,Taufar Lauar/Adolfo Macedo, Aldacir Louro e Aloysio Marins 2:32

Créditos:



Vocais:     Ivan Lins
Vocais de Apoio: Aquiles Reis, Cynara, Cyva, Lucinha Lins, Miltinho, Otávio Bonfá, Regininha, Rui, Sidinho e Susana
Baixo: Luiz Alves
Contrabaixo: Wagner Santos (1)
Guitarra: Arthur Verocai(8) e Sidney Matos(1)
Viola: Ivan Lins
Flauta: Celso, Copinha e José Ferreira da Silva
Órgão: Ivan Lins, Laércio de Freitas e Wagner Tiso
Piano e Piano Elétrico: Ivan Lins
Bateria: João Cortez (1) e Robertinho Silva
Percussão: Chico Batera(2,3,5,6,7,9,11) e Robertinho Silva(3,4,5,6,8,9)
Pandeiro e Surdo: Gilberto D'Avila
Efeitos: Chico Batera
Gaita: Maurício Einhorn(1,6)
Fliscorne: Márcio Montarroyos(4)
Oboé: Kléber Veiga(4)
Corne inglês: Cocarelli(4)
Arranjador e regências: Arthur Verocai
Produtor: Raymundo Bittencourt
  • Gravado no Brasil, 1974

  • Vídeos:

Rei do Carnaval

Tens (Calmaria)


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terça-feira, 12 de junho de 2012

Elton John- Madman Across The Water (1971)



                O sucesso como realidade que o jovem pianista inglês fazia tinha origem de um misto de duas habilidades marcantes: além do precoce virtuosismo, a capacidade de sensibilizar o ouvinte com letras que harmonizavam muito bem ao instrumental. Essa mescla, junto com uma sonoridade rock que apontava para o fim da década da psicodelia, com características mais nubladas, o guiaram a fama no maior celeiro musical do mundo. Desta forma, Elton John (ou Reginald Dwight, conforme documentação oficial e nome de batismo) lançou três álbuns, "Empty Sky", "Elton John" e "Tumbleweed Connection", entre 1968 e 1970, que alcançariam o top ten das paradas norte-americanas. Foi por essa onda de musicalidade que o produtor dos dois últimos, Gus Dudgeon, Bernie Taupin e Elton John buscaram seguir no início da década de 1970, sob o desafio que resultaria em "Madman Across The Water".
                O trabalho possui marcos importante na carreira de John, sendo o primeiro em que Dee Murray, Nigel Olsson (ainda que ambos contribuindo em seus instrumentos apenas em uma faixa), Ray Cooper e Davey Johnstone (guitarrista convidado após trabalhos com o compositor do álbum, Bernie Taupin) tocaram juntos, naquele que anos seguintes seria a formação mais sucedida da carreira do cantor. "Madman Across The Water" ostentava como convidado especial o tecladista progressivo Rick Wakeman (do Yes) e a continuidade do arranjador Paul Buckmaster (o mesmo que já havia trabalhado em "Space Oddity”, de David Bowie e em algumas faixas do "Sticky Fingers", dos Stones). Elton nesse álbum arriscar-se-ia pela primeira vez no teclado, dado que todos os seus lançamentos anteriores estivessem baseados no piano. A arte do álbum pertence à Janis Larkham (creditada como Yanis), esposa de um dos diretores do trabalho, e feita em tintura sobre uma jaqueta jeans de seu esposo, sendo as primeiras tiragens impressas sem relevo (essa parte ficaria com edições de luxo que seriam lançadas anos depois). Ainda, seria o último trabalho a ser gravado no Trident Studios, localizado em Londres.
                As nove músicas (todas pelo duo John-Taupin) intercalam-se em lado A e B, sendo o lado A marcado por músicas mais comerciais, e que inclusive permaneceriam nos setlists do cantor, como o cartão de orquestração de Buckmaster, "Tiny Dancer", "Levon" e sua grande metáfora entre a figura austera e esforçada de Levon conflitando-se com a pureza de seu filho, Jesus, "Razor Face" e a canção-homônima ao álbum, com grande participação do então novato Davey Johstone no violão. No segundo lado seria dado um toque melancólico e mais sombrio, exceto por "Rotten Peaches" que antes do excelente instrumental de coros, teclas (órgão com Wakeman) e baixo, apresenta na letra todo o sentimento de desencontro do ser humano, e usando a figura da putrefação de uma fruta ao sol como o sofrimento corrente (na irreversibilidade em "You'll pick rotten peaches for the rest of your life") criando uma impotência, inclusive reforçando-a aproximando as fraquezas dos vícios com a figura da divindade. Destacam-se no lado B ainda "Holiday Inn" pela sonoridade folk do mandolim de Davey (principalmente até a entrada das cordas) e ainda mais "Indian Sunset" pelo grande trabalho de Buckmaster, Elton, facetado como pianista ou vocalista e de Cox/Cooper na bateria e percussão: os versos entoando uma trágica ofensiva dos homens brancos e suas armas contra uma tribo indígena, terminando por devastar por completo todas as vidas que ali existiam. Essa marca é específica de Elton, de uma crítica histórica que mira uma possível visão das vítimas sobre histórias recorrentes como a colonização do oeste dos EUA e a conquista do deserto argentino, aliado a um belo e vivo instrumental. "All The Nasties", a única que apresenta Olsson-Murray-Cooper (sem Dave por não haver violão na faixa), é um interessante cartão de visita dos músicos, porém como segundo plano frente aos coros do grupo Cantores em Ecclesia em uma sonoridade menos pesada. Encerra o álbum a não menos nostálgica "Goodbye", com apenas a trinca de violinos-piano e vocal, dando um clima necessário para aquela que faria a autocrítica cheia de analogias do fim de um relacionamento.
                Lançado em 5 de novembro de 1971, "Madman Across The Water" teve repercussão tímida no Reino Unido, alcançando a quadragésima primeira colocação no chart. O sucesso na Billboard 200, porém, alcançou o top ten, na oitava colocação. Enquanto as duas faixas de trabalho: Tiny Dancer e Levon alcançariam respectivamente #41 e #24. A razão de toda a desaceleração seria a fase de transição que o músico passava, experimentando e comprovando junto ao seu produtor Dudgeon não ser de todo comercial a abordagem de temas e sonoridades excessivamente francos e sombrios. A obra, como um todo, é uma boa pedida pela grande qualidade de suas letras, passando substancialmente pelo caráter de fraqueza, solidão e incapacidade do ser humano ante uma situação, sempre frente a uma eminente perda real (seja o desaparecimento de Levon, o disparo à bala contra o guerreiro, por exemplo) e dos arranjos sensacionais de Paul Buckmaster, que dão dimensão e vida a tudo escrito, marcando "Madman Across The Water" como um álbum fundamental para entender a carreira do músico inglês.


  • Avaliação:



  • Ficha Técnica:

Gravadora: Uni e DJM
Lançamento: 1971
Gênero: Rock



  • Faixas:
A1) Tiny Dancer Compositores: Bernie Taupin e Elton John 6:15
A2) Levon Compositores: Bernie Taupin e Elton John 5:22
A3) Razor Face Compositores: Bernie Taupin e Elton John 4:44
A4) Madman Across the Water Compositores: Bernie Taupin e Elton John 5:56
B1) Indian Sunset Compositores: Bernie Taupin e Elton John 6:45
B2) Holiday Inn Compositores: Bernie Taupin e Elton John 4:17
B3) Rotten Peaches Compositores: Bernie Taupin e Elton John 4:56
B4) All The Nasties Compositores: Bernie Taupin e Elton John 5:08
B5) Goodbye Compositores: Bernie Taupin e Elton John 1:48

 

  • Créditos:

Vocais:  Elton John
Vocais de Apoio:   Barry St. John, Davey Johnstone, Dee Murray, Elton John, Lesley Duncan, Liza Strike, Roger Cook, Sue & Sunny, Terry Steele e Tony Burrows
Coro: Cantores em Ecclesia(8)
Baixo:  David Glover(1,3,6), Dee Murray (8), Herbie Flowers(4,5) e Brian Odgers(2)
Contrabaixo: Chris Lawrence(5)
Guitarra: Caleb Quaye, Chris Spedding(4,7)
Violão: Davey Johnstone
Mandolim:  Davey Johnstone
Steel Guitar: B.J Cole(1)
Bateria: Nigel Olsson(8), Roger Pope(1,3,6) e Terry Cox(4,5,7)
Percussão:  Ray Cooper
Piano e Teclado: Elton John
Órgão: Rick Wakeman(3,4,7)
ARP Synth: Diana Lewis(7)
Arranjador: Paul Buckmaster
Engenheiro:   Robin Geoffrey Cable
Produção:  Gus Dudgeon

 
  • Gravado no Trident Studios, Londres, Inglaterra, 1971.


  • Vídeos:


Levon



All The Nasties




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terça-feira, 15 de maio de 2012

Roger Hodgson - Hai Hai (1987)

               
 
                Enquanto músico, Roger Hodgson acumulou além de diversos hits e êxitos uma carga de faixas que caminham por um ecletismo de temas. Enquanto co-fundador do Supertramp, foram algumas músicas sobre críticas ao establishment como "Logical Song" e "Hide In Your Shell", sobre o amor e as separações, como "Even In The Quietest Moments" e "Don't Leave Me Now" e a culpa ou fragilidade do ser humano, na belíssima "Lord Is It Mine". Desde seu desligamento do grupo, ainda na primeira parte dos anos 80, aplicou imediatamente seu talento e inspirações no debut "In The Eye Of The Storm", que alcançou destaque no Canadá com um álbum de platina, a quadragésima oitava posição na Bilboard Hot 100 e emplacando dois sucessos (ou faixas que continuariam em seu setlist) em "Lovers In The Wind" e "In Jeopardy". A partir desses dois momentos distintos de sua carreira e procurando aproveitar a mudança de sonoridade, Roger Hodgson prepara o seu segundo lançamento solo.
                Assim como o trabalho anterior, Hai Hai seria produzido por Hodgson, mas dessa vez em parceria do estreante Jack Joseph. A sonoridade, como de se esperar de um trabalho efetuado na segunda metade dos anos 80, é bastante carregada de sintetizadores e de algumas faixas com bateria eletrônica, o que se difere bastante dos projetos anteriores. Entre o longo staff dos músicos convidados para a produção estão o baterista do Toto Jeff Porcaro, os baixistas Nathan East e Leland Sklar e o percussionista sul-africano e radicado em Los Angeles Lenny Castro, que trabalhou dentro de longa lista, com Christopher Cross, Barry Gibb e o próprio Toto. Nesse lançamento, Roger mostra-se um grande instrumentista, ao tocar além das teclas, a guitarra, violão e baixo. Destaques especiais a serem feitos são para o talentosíssimo baterista Joseph Pomfret, que havia passado anos antes por uma grande banda do rock internacional e uma música que conta com um traço de composição engavetada do Supertramp com a rubrica Davies-Hodgson. A partir das premissas, Hai Hai foi gravado com o intuito de novas experiências para Hodgson, como em alguns momentos a sonoridade chegando perto do AOR.
                É experimentando o Adult Oriented Rock que as duas primeiras faixas do álbum ocorrem, a primeira, "The Right Place" em menor intensidade e com sintetizadores de protagonista e "My Magazine", com uma linha de guitarra do próprio Hodgson de dar inveja a qualquer grande instrumentista do gênero. A bateria de marcação de tempo e os vocais rasgados marcam a primeira surpresa dessa jornada. "London" lembra as músicas populares indianas e do leste europeu e é carregada de efeitos sintetizados, principalmente do Dx7 Seetar Solo magistralmente tocados por Mikail Graham, destaques também para o saxofonista Larry Willians e para a primeira participação de Jeff Porcaro. Enquanto "You Make Me Love You" e "Who's Afraid" soam bastante previsíveis, Hai Hai dá novamente ao trabalho a sonoridade AOR, com direito a gaita de Allardyce e à bateria eletrônica da trinca Roger, Albertine e Albhy Galuten (conhecido produtor da fase de ouro dos Gibbs). Lembrando a sua sonoridade anterior, temos "Desert Love", que é bem acompanhada por violão de 12 cordas e baixo, ambos tocados por Roger. "Land Ho" pode parecer repaginada aos anos 80, mas é fruto na essência do Supertramp, assinada também por Davies. A faixa, engavetada desde 1974 ganharia uma primeira vida em um trabalho igualmente não lançado de Roger já na carreira solo. A terceira tentativa surtiu efeito e mostrou um “revival” do grupo e um momento bastante agradável no álbum, e os destaques estão nos saxofones altamente participativos (como nos velhos tempos) de Marc Russo, na linha de baixo do músico de sessão Leland Sklar, na percussão de De Castro além da quinta e última participação de Joseph Pomfret nas baquetas. "House of Corner" é um daqueles intervalos entre as faixas, com pouco destaque e um modelo surrado de AOR (adult oriented rock) oitentista, lembrando um pouco as teclas de uma das fases do Van Halen e tendo destaque as participações sempre afinadas de Hodgson e Anni McCann nos vocais de apoio. "Puppet Dance", a faixa a fechar o álbum, é a terceira grande surpresa do trabalho: em uma letra que trata da solidão no final de um relacionamento (Everything Changes Now you're Gone/Making Me Wonder How To Carry On), o músico apresenta-se ainda mais inspirado em uma faixa que mescla muito do espírito Supertramp com seu início solo, com vocais em falsete nos refrãos. Destaques nas teclas executadas conjuntamente com Rhett Lawrence (que também assina a bateria eletrônica), para o excelente Nathan East, sendo essa realmente o grande gol do trabalho. De uma quantidade alta de músicos de sessão tocando, é interessante citar que Pomfret é na verdade o próprio Roger assumindo um pseudônimo (que na verdade são seu segundo e terceiro nome), ficando registrado mais ainda sua multifacetada capacidade também como instrumentista.
                Lançado em 1987, infelizmente o artista sofre um acidente doméstico que causou lesões no pulso, praticamente mortais para um tecladista, fato que o impossibilitou de divulgar ainda mais o lançamento. Os legados que esta obra irregular deixa, são só dois momentos que derivam para o carro-chefe da obra: Enquanto "My Magazine" surpreende pela naturalidade da adaptação ao AOR e "Land Ho" se torna um “revival” dos tempos de ouro do Supertramp, sendo essa terceira tentativa, articulada durante os treze anos de maturidade musical de Roger. Ambos os momentos, díspares, afluem para a última música do álbum, que é sem dúvida uma vertente daquilo que fez na curta carreira solo de até então. "Hai Hai" alcançaria a posição de número 163 na Billboard 200 e levaria a oitentista-comercial "You Make Me Love You" à trigésima oitava posição do chart "Mainstream Rock", um sucesso inferior nesses parâmetros aos trabalhos da banda que saíra (Free As A Bird - #101 na Billboard 200). As lições que ficam evidenciam a validade dos experimentos (nítido por exemplo em "London") enquanto processo de amadurecimento musical. Hodgson não emplacou um "Hai Hai" precipitado e muito pouco coeso, mas blindou-se junto a sua recuperação física dos eventuais reveses da carreira.

  • Avaliação:



  • Ficha Técnica: 

Gravadora:
A&M
Lançamento:
1987
Gênero:
AOR e Pop


  • Faixas:

A1)The Right Place Compositor: Roger Hodgson                  4:05
A2)My Magazine Compositor: Roger Hodgson                  4:39
A3)Londo Compositor: Roger Hodgson                  4:11
A4)You Make Me Love You Compositor: Roger Hodgson                  5:08
A5)Hai Hai        Compositor: Roger Hodgson                  5:28
B1)Who's Afraid ?   Compositor: Roger Hodgson                  4:57
B2)Desert Love            Compositor: Roger Hodgson                  5:26
B3)Land Ho            Compositores: Rick Davies e Roger Hodgson  4:06
B4)House On The Corner Compositor: Roger Hodgson                  5:21
B5)Puppet Dance           Compositor: Roger Hodgson                  5:16

  • Créditos:

Vocais:  Roger Hodgson
Vocais de Apoio:Anni McCann(1,3,4,5,8,9,10), Brad Lang(2), Clair Diament(3), Ken Allardyce(3,8) Roger Hodgson(1,3,4,5,8,9,10) e Willie Hines(2)
Baixo:Leland Sklar(8), Nathan East(3,6,9,10) e Roger Hodgson(7)
Guitarra:Dan Huff(1,3,5,10), Ken Allardyce(3) e Roger Hodgson(1,2,4,5,8,10)
Violão de 12 cordas:Roger Hodgson(7)
Bateria: Omar Hakim(1), Jeff Porcaro(2,3,4,5,9), Carlos Vega(2,3) e Roger Hodgson(como Joseph Pomfret)(1,4,6,7,8)
Bateria Eletrônica: Albertine/Albhy Galuten/Roger Hodgson(5) e Rhett Lawrence(10)
Teclado:  Ken Allardyce(3,4,5,9) e Roger Hodgson(3,4,7,8,9)
Piano:  Roger Hodgson(6)   
Órgão:David Paich(2)
Synth Bass: David Paich(2), Robbie Buchanan(5) e Roger Hodgson(1,4)
Synth Brass:  David Paich(2)
Synth Seetar: Mikail Graham(3)
Sintetizadores: Rhett Lawrence(10), Robbie Buchanan(1,6) e Roger Hodgson(1,6,10)
Percussão: Jeff Porcaro(4), Lenny Castro(1,2,3,4,5,6,8,9,10) e Roger Hodgson(como Joseph Pomfret)(4)
Gaita:     Ken Allardyce(1,5)
Saxofone: Larry Williams(3,7) e Marc Russo(8)
Engenheiro: Jack Joseph, Bart Stevens, Dan Garcia, Julie Last, Steve Ford e Wade Jaynes
Produção: Jack Joseph e Roger Hodgson


  • Gravado nos estúdios Unicorn Studio, em Nevada e Bill Schnee's Studio em North Hollywood, Estados Unidos, 1987

  • Vídeos

Puppet Dance


You Make Me Love You


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sábado, 31 de março de 2012

Som Imaginário - A Matança do Porco (1973)




                A psicodélica e efervescência que ocorria no Brasil alguns anos após o golpe militar daquele último dia de março de 1964 vinha colhendo bons frutos a caráter de qualidade musical. Um dos músicos tupiniquins a fazer todo esse estudo do que ocorria fora das nossas fronteiras foi Ronnie Von, com um álbum homônimo que resgatou muito do som da invasão britânica. Já nessa época, esse tipo de som era visto como uma afronta tanto ao regime como a música popular brasileira que estava estabelecida. É numa dessas bandas que surge o Som Imaginário, que na sua formação do primeiro lançamento contava com Zé Rodrix, Robertinho Silva, Frederiko, Luiz Alves, Tavito e Wagner Tiso. O lançamento, recheado da musicalidade ácida era camuflado pelas habilidades "jazzísticas" que tinham metade de seus integrantes, Tiso, Alves e Silva, que traziam consigo um universo de sonoridades que fariam dessa banda muito mais do que uma banda psicodélica. Os primeiros anos do artigo quinto passaram, e com eles a saída de Rodrix do grupo (formando trio com os colegas Sá e Guarabyra), além de um lançamento, dessa vez bem mais ácido e pesado que o anterior, justificando à batuta que agora Fredera regia o grupo. Como prova dessa habilidade quase camaleoa dos músicos, "A Matança do Porco" representaria mais um capítulo na história dessa banda, que de mera acompanhante das turnês de artistas como Milton Nascimento e Marcos Valle, viria a ser, por um curto espaço de tempo, dona de sua própria fama.
                A ordem dos lançamentos anteriores do grupo auxilia na explicação das decisões tomadas nesse singular lançamento. Enquanto "Som Imaginário" e "Som Imaginário - Nova Estrela" estiveram regidos por Rodrix (assinando faixas, tocando flauta, nos vocais e nas teclas) e por Frederyko (nas guitarras distorcidas, vocais e nas composições), dessa vez o trabalho todo ficou por conta não de dois músicos de formação em rock e que já não estavam mais na formação da banda, mas sim por Tiso, que era um jazzista convicto. A ordem dos acontecimentos o permitiu assinar as faixas além de arranjar todas as melodias daquele que seria até segunda ordem, o único álbum sem a psicodelia, presente muito fortemente em momentos anteriores. Uma ressalva interessante é que os músicos de sessão tiveram papel fundamental na sonoridade, a exemplos de Danilo Caymmi, os guitarristas Chiquito e Frederyko, a percussão de Chico Batera, e as conduções de Gaya e Verocai com auxílio da orquestra da gravadora, a Odeon. A produção seria ainda marcada pelo trabalho do competente Milton Miranda.
                Trabalhado em sobressalto às teclas e os arranjos de guitarra dos três guitarristas envolvidos, o álbum premia o ouvinte com nove faixas que caminham muito por dentro da sonoridade do jazz, do progressivo e da música regional. De forma geral, é talhado em cima do instrumental, que como obra máxima possui "A Matança do Porco" (e sua incrível capacidade de passar diversos sentimentos ao ouvinte, como o padecimento e a angústia). Com mais de onze minutos de duração e dividida basicamente em um primeiro momento (até os sete minutos) carregados de um rock progressivo mais pesado, com uma espetacular linha de guitarra de Fredera seguido por uma parte altamente sinfônica (sob a batuta de Gaya, em uma de suas duas participações) e com os arranjos vocais de Milton Nascimento e do quarteto vocálico Golden Boys, sequência que se mantém até o final da faixa. Uma boa junção entre Tiso e o som mais antigo do grupo é a sequência "Armina", que caminha mais pelo jazz, e que conta em momentos oportunos, com a presença do fuzz da guitarra de Frederyko, já como músico de sessão e em uma de suas três participações na obra. Ainda em relação a esse tema, foram adicionadas ao álbum três vinhetas sob a batuta de Arthur Verocai, a primeira com um arranjo de sopro e basicamente sinfônica, a segunda, bastante jazzística e com um Tiso bastante inspirado e a terceira estritamente sinfônica, com os metais e o violino bastante presentes, contando com 0:45, 0:33 e 0:40, respectivamente. Partindo para um jazz fusion com bastante brasilidade temos "A3", que é a faixa que explora melhor o conjunto: Alves no contrabaixo, Silva nas baquetas, Tavito e Chiquito nas guitarras e Tiso nas teclas, e é por esta linha que o grupo sai do local comum na música comercializada, não bastaria apenas utilizar uma tendência do momento, mas deveria-se quebrar barreiras utilizando muito da nossa música tradicional. É nessa tônica que a oitava música do álbum, "Mar Azul" é trabalhada, sobre a regionalidade e com a especialíssima participação de Danilo Caymmi na flauta, que gera uma riqueza ainda maior a música. A boa-divergência (que enriquece a obra) pode ser finalmente reduzida em duas faixas: a progressiva e lisérgica "A nº2", (que possui em sua raiz um shape do samba) com nova presença de Frederyko (contando com sintetizadores e uma sequência de cozinha muito boa para o final da faixa) e o "Bolero" de Wagner, liderados por seus riffs de teclas e o contrabaixo de Alves, além de nova participação de Caymmi.
                Finalizado em 1973, esse marcaria o último registro em estúdio do Som Imaginário. A inovadora obra que acabara de ser lançada, logo receberia o reconhecimento do público específico para estar no hall dos melhores álbuns progressivos das Américas, uma grande marca principalmente por se tratar de uma época em que o gênero era profundamente difundido e inovado pelo continente. Os feitos dessa reduzida formação do Som Imaginário marcaram não só uma nova fase na carreira dos músicos (de forma individual), mas um marco para o rock nacional, que alcançava outro patamar a critério de universo musical. A última obra desta banda ratificaria uma capacidade ímpar e não mais vista desde então em manusear as diversas musicalidades, além de uma discografia dignamente intocável no rock brasileiro.


  • Avaliação:




  • Ficha Técnica:

Gravadora: Odeon
Lançamento:1973
Gênero:Jazz, Rock Progressivo e Regional
  • Faixas:
A1) ArminaCompositor: Wagner Tiso5:46
A2) A3Compositor: Wagner Tiso3:11
A3) 1ªVinheta ArminaCompositor: Wagner Tiso0:45
A4) A nº2Compositor: Wagner Tiso6:41
B1) A Matança do PorcoCompositor: Wagner Tiso11:08
B2) 2ªVinheta ArminaCompositor: Wagner Tiso0:33
B3) BoleroCompositores: Luiz Alves, Milton Nascimento, Robertinho Silva, Tavito e Wagner Tiso3:13
B4) Mar Azul Compositores: Luiz Alves e Wagner3:30
B5) 3ªVinheta ArminaCompositor: Wagner Tiso0:40

 
  • Créditos:
Vocais:Golden Boys e Milton Nascimento(5)
Baixo:Luiz Alves
Violão de 12 cordas:Tavito
Guitarra:Chiquito (2,4,7) e Frederyko(1,3,4,5)
Bateria:Robertinho Silva
Percussão:                                    Chico Batera(2,4,5)
Piano:Wagner Tiso(1,5,7)
Piano Elétrico:Wagner Tiso(1,2,4,7,8)
Órgão:Wagner Tiso(1,2,4,5,8)
Flauta:Danilo Caymmi(2,7,8)
Orquestra:Odeon(3,4,5,6,9)
Condutor:Arthur Verocai(3,6,9) e Gaya(4,5)
Arranjos:Wagner Tiso
Produtor:Milton Miranda

  • Gravado nos Estúdios Odeon GB, Rio de Janeiro, Brasil, 1973

  • Vídeos:

Armina

Mar Azul



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sábado, 18 de fevereiro de 2012

Joe Cocker - I Can Stand A Little Rain (1974)




                As influências da música negra dos anos cinquenta e sessenta seriam decisivas na carreira de um dos milhares de jovens da Inglaterra que tocavam o skiffle em bares e pubs da sua Sheffield. John Robert, que viraria Joe e tempos depois assumiria o nome artístico de Vance Arnold (vindo do personagem de Presley em "Jailhouse Rock" Vince Everett e do cantor country Eddy Arnold) não ficou conhecido pelos amantes de música por nenhum desses nomes. O que marcaria mesmo seria Joe Cocker, preservando o apelido de longa data junto ao nome da família. Em 1963, com a "Vance Arnold and the Avengers", banda de skiffle que tocava basicamente covers de Ray Charles (uma das principais influências de Joe) e Chucky Berry, conseguiu sua primeira façanha ao acompanhar a turnê dos Stones que passavam por Sheffield. Desde o primeiro instante de sua carreira profissional - após assinar com a Decca em 64 - (com o cover de "I'll Cry Instead", que contou com o guitarrista à época de sessão, Jimmy Page), Cocker interpretou diversos sucessos do Fab Four, com destaques para "She Came Through The Bathroom Window" do debut "Joe Cocker!" e "With a Little Help From My Friends", que viria a se tornar uma das melhores interpretações do músico, especialmente no Festival de Woodstock, que também interpretou as músicas "Feelin' Alright" da Traffic (que na versão de seu debut conta com a percussão do brasileiro Laudir de Oliveira) e aquela que traduziu o espírito do evento, "Let's Go Get Stoned", de Ray Charles (juntamente com sua segunda banda relevante, a The Grease Band). O sucesso do início dos anos 70 veio com shows da "Mad Dogs" e "The Englishmen", porém tempos depois, Cocker se viu em um crescente problema com o alcoolismo e a heroína (essa que ele conseguiu se livrar no mesmo ano), e é dessa atmosfera que se começa o processo de criação de "I Can Stand A Little Rain", ainda no final de 1973. 
                Como se nota desde o início de sua carreira, Cocker está incluso na primeira leva de músicos dos anos 50 e 60 que na maioria das vezes apenas se encarregaram de interpretar, e não compor suas faixas. Vindo do lançamento de "Joe Cocker", de 1972, onde assinou várias faixas com o colega de longa data Chris Stainton, nesse novo trabalho além da reformulação dos musicos e da produção, já que Jim Price realiza seu primeiro trabalho com Cocker, Joe voltaria à velha forma e apenas assinaria uma faixa. De mantido dos trabalhos anteriores estão a gravadora A&M, que foi responsável por todos os lançamentos da carreira solo do cantor. Na capa de "I Can Stand  A Little Rain", nota-se a feição de um Cocker mais abatido e desiludido, mostrando uma maturidade que confirmaria-se igualmente musical. A nível das composições, o álbum é bastante democrático dentro do corpo de músicos que o acompanhou, tendo  apenas três de compositores que não participaram, sendo o duo Preston/Wilson, de Allen Toussaint e Harry Nilson (o mesmo que regravou "Without You", do Badfinger). É interessante notar que a produção ocorreu quase em paralelo com a do trabalho seguinte, que seria lançado apenas no ano de 1975.
                Em si, o álbum é permeado faixas que circulam dentro da sonoridade pop rock com momentos que lembram a música negra, em especial o gospel e o soul, além do uso das teclas (sob a forma de piano, teclado ou mesmo o órgão) que tomam grande contribuição nas faixas. As letras, de maneira geral, falam da tristeza, das não realizações (como o hit), moldando-se facilmente ao arranjo. A primeira, a animada "Put Out The Light" (composta pelo mesmo Daniel Moore que compôs "Shambala" que ficou conhecida com o Three Dog Night), possui um conjunto de metais afinado e também conta com os vocais de apoio bastante destacados. A canção homônima ao álbum e composta pelo produtor já apresenta uma atmosfera que começa a se encaixar no perfil geral que tem a obra, ainda sim que trabalhe com uma linha de guitarra que se faz presença nos momentos apropriados. "I Get Mad", parceria do produtor com Joe Cocker representa o último momento que se aproxime da época do Mad Dogs ou da Grease Band, possuindo um conjunto de metais e teclas com viradas de bateria pontuais, que dão o suporte necessário a voz de Cocker. A primeira das faixas que se aproxima do gospel é "Sing Me A Song" canção do colega de Grease Band, Henry McCullough (guitarrista que chegou a tocar no Wings): teclas imponentes e vocais negros femininos bastante acentuados. Esse momento repetiria-se em "Don't Forget Me", de Harry Nilson e "It's A Sin When You Love Somebody", essa com um vocal de Joe Cocker mais característico. Composta por Jimmy Webb, "The Moon Is A Harsh Mistress" e a última faixa do álbum, "Guilty" do também músico de sessão Randy Newman, exploram a voz de Cocker acompanhada de um arranjo quase que unicamente de teclas (no segundo caso, apenas voz e piano). "Performance" é uma faixa que lembra mais a sonoridade da soul music, com uso em larga escala dos vocais de apoio em falsete. O Hit absoluto do álbum foi a belíssima canção de amor "You're So Beautiful", que nessa versão dá realmente uma nova façeta de um Joe Cocker inspirado e bem acompanhado de um arranjo impecável.
                A recepção do álbum nas paradas norte-americanas foi bastante satisfatória a nível de uma volta do artista à superfície após superar o vício da heroína, alcançando no chart da Billboard a décima primeira posição. Em relação aos singles, o Top 5 aguradariam no ano de 1975 as faixas "It's A Sin When You Love Somebody" e "You're So Beautiful", ambas com a quinta posição. Ainda no ano de lançamento, "Put Out The Light" chegou à quadragésima sexta posição."I Can Stand A Little Rain" justifica o largo uso do piano devido aos músicos que compuseram e trabalharam no álbum serem sobretudo pianistas: Jimmy Webb, o produtor (e renomado músico de sessão) Jim Price, além de Randy Newman. Esse grupo assina metade do trabalho, que é completado também pelo pianista Toussaint, por Billy Preston e por Harry Nilson, que não escondia alguma habilidade com as teclas. Essa tática pode ter sido usada para aliar a técnica vocal de Joe Cocker com alguma espécie de requinte capaz de atrair um público mais amplo. Mas, a medida que o ano de 1974 ia se encerrando, mais obrigações chegariam á conta de Joe, afinal, "Jamaica Say You Will", seu lançamento do ano seguinte, estava em processo de produção e havia ainda uma longa estrada de controle pessoal e profissional para percorrer.


Avaliação:


Ficha Técnica:
Gravadora:A&M
Lançamento:1974
Gênero:Pop Rock, Rock e Soul


Faixas:

A1) Put Out The Light Compositor: Daniel Moore 4:13
A2) I Can Stand A Little Rain Compositores: Jim Price3:33
A3) I Get Mad Compositores: Dennis Wilson e Joe Cocker3:41
A4) Sing Me A Song    Compositor: Henry McCullough2:28
A5) The Moon Is A Harsh Mistress Compositor: Jimmy Webb3:33
B1) Don't Forget Me   Compositor: Harry Nilson3:22
B2) You Are So Beautiful  Compositor: Billy Preston e Bruce Fisher2:41
B3) It's A Sin (When You Love Somebody) Compositor: Jimmy Webb3:47
B4) Performance Compositor: Allain Toussaint4:40
B5)  GuiltyCompositor: Randy Newman2:48



Créditos:

Vocais: Joe Cocker
Vocais de Apoio:Clydie King(2,4,8,9), Daniel Moore(1), Merry Claiton(2) Sherlie Matthews(2,4,8,9) e  Venetta Fields(2,4,8,9)
Baixo: Chris Stewart(4,5), Chuck Rainey(1) e Dave McDaniel
Violão/Guitarra:Cornell Dupree(3), Henry McCullough(2,5), Jay Graydon(2,4,8,9) e Ray Parker(1,8,9)
Bateria:Bernard Purdie(3), Jeff Porcaro(2,5) e Ollie Brown(1,8,9)
Piano:David Paich(1,8), Greg Matheson (9), Jim Price, Jimmy Karstein(4), Jimmy Webb, Nicky Hopkins(5,6),                            Randy Newman e Richard Tee            
Órgão:Jim Price, Peggy Sandvig(6) e Richard Tee(3)
Saxofone Alto:Jim Horn(1,3)
Saxofone Tenor:Jim Price(1,3) e Mayo Tiana(1,3)
Trompete: Steve Madaio(1,3) e Stu Blumberg(1,3)
Arranjador: Jim Price
Engenheiros:Carlton Lee, Joe Tuzen, John Jansen, Ken Klinger, Marco Aglietti, Nat Jeffrey e Richard Heenan
Produtor:Jim Price
  •  Gravado no Village Recorder, Los Angeles, Estados Unidos, 1973-74

Vídeos:

Put Out The Light

You Are So Beautiful


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