sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Carl Wilson - Carl Wilson (1981)



            Os anos 60 representou para o Beach Boys muito mais do que uma mera concorrente do formato Tio Sam dos Beatles. Para a música, foi um grupo de incomum talento e que dividia entre alguns dos integrantes da família Wilson (Brian, Dennis, o próprio Carl e o primo Mike Love) e colegas como Al Jardine e Bruce Johnston a responsabilidade de guiar o som californiano que era tendência e repetido na Califórnia. As dificuldades que os garotos da praia encontraram foram diversas: o colapso de Brian Wilson em 1967 e a ausência de sucesso obrigou a banda a tomar as decisões de momento que com o tempo mostraram-se não serem as mais corretas. Passada mais de uma década e o som degringolando para a disco, junto à infelicidade de Carl com tal sonoridade resultou ao guitarrista seguir os passos do irmão e baterista Dennis a lançar suas faixas em um álbum solo, surgindo assim "Carl Wilson".            
            Conhecido como o lado mais rock'n'roll em comparação ao irmão Brian, Wilson tinha como ídolo de juventude o guitarrista Chuck Berry, fato que o influenciou profundamente no timbre e no modelo das guitarras, como as Gibsons Riviera 12 strings e E-335. Para os ajustes do seu debut, os manetes da produção ficaram com Jim Guercio, conhecido como manager do Chicago durante um bom tempo. Os estúdios da Caribou Ranch cheiravam à criatividade e sucesso, já que dentre os músicos e bandas que estiveram ali poderíamos citar Supertramp, Frank Zappa, Emerson, Lake & Palmer, Michael Jackson, Elton John (com seu álbum "Caribou" de 1974) além do próprio Beach Boys. As faixas são assinadas em maioria por Carl e a esposa de seu empresário, Myrna Smith, que colaborou também com os vocais.            
             Um diferencial do álbum solo em relação aos Beach Boys foi a sonoridade, que assim como muita coisa no final da década de 70, migrou da disco music para o Album-Oriented Rock (ou simplesmente AOR). Essa mudança é notada principalmentente no lado A da obra, com músicas carregadas de bateria e da Gibson de Wilson, além dos vocais ora dualizados ("Hold Me") ora apenas como vocais de apoio ("Bright Lights" e "What You Gonna Do About Me") com Myrna Smith. No encargo de guitarrista, o solo final e o riff de "The Right Lane" é o grande destaque de Carl Wilson no álbum. Tudo que o lado A têm de rock'n'roll faz com que o lado B equilibre-se num pop bastante leve, e com uso do violão invés da Gibson, e é nesse lado que a aventura de Wilson o faz prova de um vocalista com um potencial muito grande. "Hurry Love" possui além dos versos apaixonados um belo arranjo com direito a uma steel guitar muito bem plantada na faixa. Com um violão mais explorado, bem como o baixo de James Guercio que faz do acompanhamento praticamente protagonista, "Heaven" é de longe a melhor música de todo o álbum, nela, os vocais precisos de Carl Wilson, o arranjo com as guitarras bem colocadas e a letra que diz sobre o amor puro e o pedido do céu estar na terra, já que sua amada parecia "ser um anjo enviado por Deus". Para quebrar o ritmo das duas faixas ballad, é colocado mais um AOR e com participação de Smith nos vocais de apoio: "The Grammmy", que como de se esperar, fala sobre o universo da música mainstream. A obra é encerrada commais uma faixa pop ballad, a bela "Seems So Long Ago" que retrata as lembranças do músico em relação à infância e a relação com os pais, o belo solo de saxofone de Joel Peskin na ponte da música, acompanhando até o fim a melodia. Podemos então concluir a intenção de Guercio e Wilson em relação a intercalar as músicas com fim de não transformar o álbum em um completo AOR, ou em um completo pop-ballad, o que deu um resultado satisfatório em uma época de readaptação para o cenário musical.
            "Carl Wilson" foi produzido em 1980 e lançado no ano seguinte, e conseguiu entrar no Billboard 200, na posição de número 185, sendo assim apenas mais uma chegada ao celeiro e laboratório da música mundial, os Estados Unidos. Mas para o ponto de vista de Wilson, a fórmula e a recepção foram animadoras, já que a ponta de sucesso que o álbum adquiriu dependeu da musicalidade e preferencias do mesmo, não precisando seguir tendências ou algo parecido. Os resultados então fariam o músico a seguir a carreira solo sem deixar de lado a banda que o fez mundialmente famoso, podendo inclusive ter a oportunidade de conciliar as duas coisas no palco. O ano de 1981 fechou como um ano de boas vibrações, não necessariamente as mesmas cantadas pelo próprio com os Beach Boys no final dos saudosos anos 60.

  • Avaliação 



  • Ficha Técnica
Gravadora:Caribou Records / Brothers Records
Lançamento:1981
Gênero:AOR e Ballad


  • Faixas:
A1) Hold MeCompositores: Carl Wilson e Myrna Smith4:05
2) Bright LightsCompositores: Carl Wilson e Myrna Smith3:52
A3) What You Gonna Do About MeCompositores: Carl Wilson e Myrna Smith4:29
A4) The Right LaneCompositores: Carl Wilson e Myrna Smith5:22
B1) Hurry LoveCompositores: Carl Wilson e Myrna Smith4:47
B2) HeavenCompositores: Carl Wilson e Myrna Smith4:28
B3) The GrammyCompositores: Carl Wilson e Myrna Smith3:08
B4) Seems So Long AgoCompositores: Carl Wilson e Myrna Smith4:59

  • Créditos:
Vocais:Carl Wilson e Myrna Smith
Vocais de Apoio:Carl Wilson e Myrna Smith
Baixo:Gerald Johnson (3,5) e James William Guercio (1,2,4,6,7,8)
Guitarra:
Carl Wilson, James William Guercio (4,5) e John Daly (1,4,5,6)
Violão:Carl Wilson e James William Guercio (5,7)
Slide Guitar:John Daly (5)
Bateria:James Stroud
Teclados:Carl Wilson e Randy McCormick (7,8)
Órgão:Carl Wilson
Percussão:James Stroud (2) e James William Guercio (3,4,5,8)
Cowbell:Carl Wilson (1), James Stroud (2)
Shaker:James Stroud (3)
Tamborim:Alan Krieger (4) e James Stroud (7)
Saxofone:Joel Peskin (8)
Engenheiros:Wayne Tarnowski e David "Gino" Giorgini
Produção:James William Guercio

  • Gravado no Caribou Ranch, Colorado, EUA, Setembro-Dezembro de 1980

  • Vídeos:
Hold Me


Hurry Love


 

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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Neil Sedaka - Overnight Success (1975)



                "Durante os anos cinquenta e sessenta, eu era o rei dos doo-be-doos e tra-la-las". Essa foi a definição do homem sobre o próprio mito durante um show na sua Brooklin em 2010. Neil Sedaka mais do que ninguém sabia do que falava: essa época de sua carreira foi permeada por composições e gravações que estão até hoje no imaginário das pessoas, hits que desde "Oh! Carol" de 1959 e que de forma sucessiva iam se apresentando, como "Calender Girl", "Stairway To Heaven", "Little Devil" e a conhecidíssima "Happy Birthday Sweet Sixteen". Essa maré cheia teria ainda segundo o mesmo uma abrupta pausa a partir do advento da Beatlemania, que quase por uma década tragou os artistas que já estavam inseridos no cenário musical. A volta de Sedaka teria início com lançamentos sem muito sucesso comercial, em uma época que as grandes gravadoras e artistas não haviam ainda encontrado uma sonoridade certa para o desencarno da era dos Beatles. Os primeiros anos da sua nova fase o acréscimo ao setlist de novas composições como "I Am Song (Sing Me)", "Solitaire", "Love Will Keep Us Together" (do álbum de título irônico e profético: The Tra-la-la Days Are Over) e o maior sucesso de até então, do álbum de 1974, a número um das paradas "Laughter in The Rain". A partir de toda essa corrente de ascensão, e notando o novo desenho do cenário da música popular, Neil Sedaka fez do ano de 1975 um ano especial em sua carreira.
                O ano começaria especial já que sua faixa "Love Will Keep Us Together" tornou-se o número um das paradas na mão de Captain and Tenille. Outra dupla popular à época, o The Carpenters deixaria algumas aberturas de shows com Neil (o plano que obviamente daria errado já que era o mito grande demais para ofuscar a dupla, levando pouco tempo depois sua demissão sob argumento de estar "roubando o seu show"), mesmo assim, a faixa "Solitaire foi gravada pela dupla chegando ao top 20 e estabelecendo-o aos poucos no hall dos compositores. A produção de Overnight Success, título sugerido por Carol Sager (com nome "Hungry Years" e faixas extras nos EUA) assim como os álbuns anteriores, também ficou por conta de Sedaka, em dupla com o recém-chegado Robert Appère. Do mesmo modo, composições ficaram divididas na parceria de Neil com Howard Greenfield/Phil Cody e a gravadora responsável foi a mesma que o auxiliou na nova fase da carreira (na terra do Tio Sam): a Rocket Records. A participação de Elton John no álbum se deu com o dueto "Bad Blood", que viria a ser um estouro que colocaria Neil de volta à cena americana como compositor e intérprete. 
                A segunda fase da carreira estava a cada vez mais indo em direção ao mainstream, do pop que sempre que possível apelava às raízes do R&B e da música negra de forma geral, e esse lançamento tornou clara essa sua intenção. A característica básica das teclas como instrumento de destaque nas músicas foi mantida, e ocorreu o acréscimo da banda de apoio na participação, com uma bateria de Nigel Olsson (baterista de Elton John), belos solos de guitarra e linhas de baixo de Sklar. A obra têm muito êxito na escolha da ordem das faixas, que ora são bastante agitadas e com caráter disco, como a abertura "Crossroads" e "Baby Blue", com uma guitarra bastante “funkeada”, intercaladas por uma justa homenagem ao "pai da música americana" Stephen Foster, na canção "Stephen" e a balada mais forte nesse aspecto do álbum, "New York City Blues", que esmiúça uma NYC repleta de pobreza e medo, e que mesmo assim os jornais insistem em dizer que seja a maior cidade do país. O maior sucesso do álbum seria a provocativa Bad Blood, cantada junto com John. Essa faixa representou um definitiva ascendente na carreira de Neil, que definitivamente incorporou o espírito que a música popular possuía naqueles tempos. O primeiro lugar nas paradas só seria o primeiro passo do maior sucesso em números. "Goodman Goodbye" é sem dúvida a faixa mais incomum para um trabalho como esse: A música, composta por Cody/Sedaka tem o seu quê de ameaçador e já pôde ser interpretada como contra o antissemitismo já que Sedaka tinha ascendência judaica (versos como "Vá para o underground, se acha que o mundo perdeu o juízo/você deveria ficar com pessoas da própria espécie/Tem muita coragem em me chamar de irmão/Depois disso tudo não significamos nada um para o outro"). Essa faixa foge à marca de faixas de bom astral que o cantor costumava compor, e possui como instrumentos de destaque um solo de saxofone do arranjador Jim Horn e uma percussão rica com muitas quebras de intervalo. Tratando ainda da pobreza de espírito e física, temos "Hungry Years" com um Neil Sedaka indagando a saudade dos "anos de fome" e de sentimentos mais verdadeiros, que iam além do "tudo de querer for poder". "The Queen of 1964", composta da velha parceria Greenfield/Sedaka significa uma volta às tradições que o fez mundialmente conhecido. Tão surpresa quanto algumas músicas que despertaram um lado diferente de composição, estaria reservado à última das músicas desse álbum: uma releitura de "Breaking Up Is Hard To Do" que na introdução encara a primeira versão dos tempos dos "doo be doos" em um fade, que a partir dos 18 segundos mostra-se uma transformação incrível em que torna-se uma jazz-ballad com as teclas e as cordas trabalhando preenchendo os espaços da versão anterior. O vocal de Sedaka nessa faixa é simplesmente impecável, ratificando seu enorme talento não só como pianista, mas como cantor, letrista e compositor.
                A recepção do álbum ocorreu em dois momentos: a edição britânica, com nome Overnight Success e pelo selo Polydor e a prensagem norte americana com nome "The Hungry Years", pelo selo Rocket Records e extraídas as faixas Goodman Goodbye (possivelmente pelo teor) e a retrô "The Queen Of 1964" substituídas por "Your Favourite Entertainer" e "Tit for Tat". A edição americana chegou à décima sexta posição dos charts, o sucesso de Bad Blood o fez alcançar o primeiro lugar na Billboard Hot 100 por três semanas e receber o certificado de single ouro, a nova versão de "Breaking Up Is Hard To Do" alcançou oitavo lugar nas paradas americanas e primeiro lugar no chart Billboard Adult Contemporary. "The Queen Of 1964" chegou a quinta posição nas paradas britânicas e o cover do "Lonely Night (Angel Face)" dos antigos conhecidos Captain and Tenille chegaria a terceira posição, todos no intervalo entre 1975 e 1976. O sucesso estrondoso de algumas faixas ajudou a empurrar o álbum e a carreira de Neil Sedaka de novo para o rumo certo da música popular, em um trabalho que apesar de popular, passa longe de ser algo simplista ou generalizado, possuindo temas muito fortes como a pobreza e melodias bastante exploradas pelo talento de Neil. O ano de 1975 marcaria o lançamento do primeiro álbum de sucesso após o hiato dos pop charts, "Sedaka's Back". Logo, com um sucesso maior ainda nas paradas, poderíamos verdadeiramente intitular Overnight Success de "Sedaka's Definitely Back".

  • Avaliação:




  • Ficha Técnica:
Gravadora:
Polydor (Reino Unido) e Rocket Records (EUA)
Lançamento:1975
Gênero:Pop, Ballad


  • Faixas:
A1) Crossroads Compositores: Neil Sedaka e Phil Cody3:18
A2) Lonely Night (Angel Face)Compositor:   Neil Sedaka3:09
A3) StephenCompositores: Howard Greenfield e Neil Sedaka4:09
A4) Bad BloodCompositores: Neil Sedaka e Phil Cody3:00
A5) Goodman GoodbyeCompositores: Neil Sedaka e Phil Cody3:42
A6) Baby BlueCompositores: Howard Greenfield e Neil Sedaka 3:23
B1) The Queen Of 1964Compositores: Howard Greenfield e Neil Sedaka3:32
B2) New York City BluesCompositores: Neil Sedaka e Phil Cody4:08
B3) When You Were Lovin' MeCompositores: Neil Sedaka e Phil Cody4:21
B4) The Hungry YearsCompositores: Howard Greenfield e Neil Sedaka3:57
B5) Breaking Up Is Hard To Do (slow version)Compositores: Howard Greenfield e Neil Sedaka3:07


  • Créditos:
Vocais:Neil Sedaka
Vocais de Apoio:
Abigale Haness, Brian Russell, Brenda Russell, Donny Gerrard, Elton John e Neil Sedaka
Baixo:Leland Sklar
Guitarra:Dean Parks, Dick “Slyde” Hyde e Steve Cropper
Violões:Dean Parks
Bateria:Nigel Olsson
Piano, Mellotron:Neil Sedaka
Banjo:Dean Parks
Trompa:Chuck Findley e Jim Horn
Saxofone Tenor e Barítono:Jim Horn
Fliscorne:
Chuck Findley
Trombone:Dick “Slyde” Hyde
Percussão:Jim Kelter (2,6) e Milt Holland (2,3,5)
Timbales:
Jim Keltner (1) e Milt Holland (1)
Congas:Jim Keltner (1) e Milt Holland (1,8)
Percussão Sul-Americana:Jim Keltner (7) e Milt Holland (7)
Xilofone:Milt Holland (3)
Tambura e Shakes:Milt Holland (4)
Triângulo, Tamborim e Vibrafone:Milt Holland (8,9,10)
Arranjador:Artie Butler e Jim Horn
Engenheiro:Robert Appère
Produtor:Neil Sedaka e Robert Appère
  • Gravado no Clover Recording Studios, Los Angeles, Estados Unidos, Setembro de 1974.



  • Vídeos:
Stephen


When You Were Lovin Me



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terça-feira, 1 de novembro de 2011

Franz Ferdinand - You Could Have It So Much Better (2005)




                Os anos dois mil e o final da década de noventa marcaram muito na história da humanidade: a primeira década após a queda dos sovietes, e sob o comando de Yeltsin, gradualmente eram expostos os cadáveres que estavam ocultados no regime corrupto que teve em mais de 60 anos imerso as ilusões da população de igualdade à margem das dachas da pomposa Nomenklatura. A crise que bateu na Rússia e empurrou o mundo para o buraco no final da década seria um dos momentos, juntos com as consequências da Queda do Muro e alguns atentados terroristas da turbulência social, política e econômica que o mundo passou. Uns dos grandes derrotados nesse final de década seriam as poderosas gravadoras musicais que ostentavam na década de 70 e 80 um oligopólio bom o suficiente para tomar decisões apenas por si só. O advento das gravadoras independentes seria apenas o primeiro passo de alguns importantes rumos à democratização musical. O advento do compartilhamento online de música armou uma disputa incontrolável em respeito a definições jurídicas de uso dos materiais dito "pirateados". É nessa atmosfera de incertezas que entre os anos de 2001-02 surge o que viria a ser um pequeno estopim (bem explicado pelo nome da banda) para o rock que orientaria a primeira década do século. Após o lançamento do debut homônimo pela Domino Records, o grupo angaria sucesso graças ao poder da aliada internet (que levou o hit "Take Me Out" ao terceiro lugar no Top Ten inglês) e vendendo cerca de 3,6 milhões de cópias ao redor do globo. Após dois anos de sua primeira aposta, o grupo estaria pronto para dar continuidade ao promissor futuro que lhes aguardava.
               Alex Kapranos, Nick McCarthy, Paul Thomson e Robert Hardy tinham em mente o grande feito que havia conseguido para um grupo de até então um ano de carreira, e logo então iniciaram as gravações na primavera de 2005 em New York e na Escócia. Uma primeira mudança seria a mudança da produção, com Tore Johansson sendo substituído por Rich Costey. O álbum, assim como o debut, não teria um título, mas de última hora houve uma troca de "Outsiders" para "You Could Have It So Much Better". A razão era que a princípio a capa deveria ser observada não pelo título, mas pelo jogo das cores e arte. Ainda nesse quesito, a arte da capa é baseada no retrato de Lilya Brik, do artista Alexander Rodchenko datado de 1924. Alguns lançamentos incluiriam um DVD que esmiuçava o processo criativo, além de em algumas localidades outros com duas faixas extras. Feito isso, a obra seria marcada também por uma recepção da mídia equivalente ao do seu anterior, mesmo com o som nesse trabalho circulando pelo rock e por algumas quebras de exceções.
               A profética "The Fallen" abre o álbum, que além do estilo semelhante a faixas anteriores como "This Fire" e "Take Me Out", conta com uma letra descrevendo um personagem decadente, que mesmo cometendo vários delitos e pecados, era virtuoso entre as pessoas que o cercavam. Essa seria a primeira mostra do amadurecimento para o segundo lançamento. As músicas mais comerciais do álbum ficariam com "Do You Want To", a veiculada no reality show esportivo da MTV sobre as promessas da Copa de 2006 (MTV GOAL) "This Boy" e a balada "Walk Away" que na verdade tem na sua letra a essência da anti-balada, com o eu lírico a gostar que sua pretendente saísse de cena. Os quatro versos finais ainda incluiriam uma relação de cumplicidade entre Hitler e Stalin, além de Churchill e Mao. A bateria de Thomson é muito forte em todas as faixas deste álbum, mas econtra seu ponto forte em "Evil and a Heathen", "Well That Was Easy", em conjunto com as guitarras de McCarthy/Kapranos "What You Meant" e em um duo com Bob Hardy, na décima faixa, "I'm Your Villain". A diversidade musical do álbum esbarra em dois momentos completamente contrários que explicam um pouco da competência do quarteto: No primeiro staff encontramos "Eleanor Put Your Boots On", composta Alex sem homenagem à sua namorada (Eleanor Friedberger) sendo muito bem arranjada com as teclas e harmonias vocais. Ainda encontraríamos "Fade Together", na mesma toada: versos lentos e cantarolados, teclas e acompanhamento das cordas dando um ar de encerramento bastante consciente. Já no outro lado estão as canções que assim como "The Fallen", são as mais agressivas da obra: a ambígua "You're The Reason I'm Leaving" (explorando em alguns versos a rivalidade entre os primeiros-ministros britânicos Blair e Brown) e principalmente a décima primeira faixa e que dá nome ao álbum. "Outsiders", a última faixa do álbum e que chegou a ser cogitada a dar nome ao álbum é uma mistura de tudo que foi produzido até então na banda: uma percussão rica, os coros que passariam a ecoar nos shows seguintes do grupo e os riffs de guitarra de Nick McCarthy, fechando assim um álbum bastante intercalado entre momentos de agito e calmaria.
               O trabalho seria lançado no final de 2005 e teria uma boa crítica principalmente ao que diz respeito a versatilidade do grupo por entre as faixas. A banda chegaria ao primeiro nas paradas britânicas e gradualmente chegariam à oitava posição na Top Billboard 200, ganhando um disco de ouro três anos depois, ao chegar as 378.000 cópias nos Estados Unidos. Os singles na terra da Rainha teriam êxito com "Do You Want To" na quarta posição, "Walk Away" na oitava, o compacto "The Fallen/L.Wells", já no ano de 2006, que chegariam à décima quarta posição no Reino Unido e na trigésima nona no chart norte-americano US Modern Rock Tracks, e "Eleanor Put Your Boots On" fecharia os singles, ganhando a trigésima nona posição nas paradas inglesas. Um álbum que demorou alguns anos para ser concebido e que, em tempo, conseguiu suprir a falta que as novidades que a emergente banda teria a passar. Pela terceira vez na história, o nome do arquiduque austro-húngaro voltaria à superfície.

  • Avaliação:


  •  Ficha Técnica:
Gravadora:Domino Records
Lançamento:2005
Gênero:Rock, Indie Rock, Post-Punk


  • Faixas:
1)The Fallen                         Compositores: Hardy, Kapranos, McCarthy e Thomson3:42
2)Do You Want To                     Compositores: Hardy, Kapranos, McCarthy e Thomson3:55
3)This Boy                           Compositores: Hardy, Kapranos, McCarthy e Thomson2:21
4)Walk AwayCompositores: Hardy, Kapranos, McCarthy e Thomson3:36
5)Evil And A HeathenCompositores: Hardy, Kapranos, McCarthy e Thomson2:05
6) You're The Reason I'm LeavingCompositores: Hardy, Kapranos, McCarthy e Thomson2:47
7) Eleanor Put Your Boots OnCompositor:   Alex Kapranos2:49
8) Well That Was EasyCompositores: Hardy, Kapranos, McCarthy e Thomson3:02
9) What You Mean'tCompositores: Hardy, Kapranos, McCarthy e Thomson3:24
10) I'm Your VillainCompositores: Hardy, Kapranos, McCarthy e Thomson4:03
11) You Could Have It So Much BetterCompositores: Hardy, Kapranos, McCarthy e Thomson2:41
12) Fade TogetherCompositores: Hardy, Kapranos, McCarthy e Thomson3:03
13) OutsidersCompositores: Hardy, Kapranos, McCarthy e Thomson4:02




    • Créditos:


    Vocais:
    Alex Kapranos
    Vocais de Apoio:Alex Kapranos, Nick McCarthy e Paul Thomson
    Baixo:Bob Hardy
    Guitarras:Alex Kapranos e Nick McCarthy
    Violão:Alex Kapranos e Nick McCarthy
    Bateria e Percussão:
    Paul Thomson
    Piano:Alex Kapranos e Nick McCarthy
    Teclados:Alex Kapranos e Nick McCarthy
    Engenheiro:Claudius Mittendorfer
    Produtores:Rich Costey e Franz Ferdinand   
    • Gravado na Escócia e Estados Unidos, primavera de 2005.

    • Vídeos:
    Eleanor Put Your Boots On




    I'm Your Villain




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