segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Dire Straits - Brothers In Arms (1985)



            Desde meados de 1977, época em que o punk e a disco music cerravam fileiras rumo ao mainstream, a escolha certa dos jovens que estariam emergentes no mundo da música seria um dos dois gêneros, dado a maior visibilidade no momento de maré cheia que esses estilos passavam. Porém nem sempre isso ocorria e a prova desse desvio de tendências cabe ao Dire Straits. Formados em 1977, chegariam ao sucesso primeiro no Reino Unido, e depois em outros celeiros musicais com sua pitada de rock clássico sempre acompanhado da singular característica do fingerpicking de seu vocalista, o guitarrista escocês Mark Knopfler. Os êxitos bateram à porta primeiramente com "Sultans Of Swing", que provavelmente é a faixa mais conhecida da banda, do primeiro trabalho da banda, "Dire Straits", de 1978. Após várias entradas e saídas de integrantes e mudanças de sonoridade a cada lançamento, o grupo estava decidido a colocar de vez seu nome no cenário internacional. Para isso, reuniram-se no ano de 1984 no AIR Studios nas sedes em Montserrat e Londres (posteriormente no Power Station, em New York) para começarem o que seria o maior desafio de suas carreiras: sua obra definitiva.
            O álbum em si é um grande marco não apenas para a banda. Seu êxito começaria cedo, quando ficou decidido que o processo de gravação seria digital, processo pouco usado à época. A comercialização em CD (também fora vendido em vinil e fita cassete) é também outro grande ingrediente que tornou "Brothers In Arms" um trabalho ainda mais sugestivo. Na capa da obra, o violão que viaja pelos céus é um National Style 0 Resonator, fabricado de 1930 até 1941, quando foi descontinuado. Na produção do álbum, todas as letras compostas por Knopfler, exceto "Money For Nothing", que contou com a participação de Sting, músico conhecido por liderar o grupo The Police. Os avanços tecnológicos, junto com a primeira fase da MTV colocaram o grupo na posição de protagonista.
            Os anos oitenta, bem como conhecemos hoje em dia sempre contou na ala comercial da música uma presença dos sintetizadores e teclados, e nesse lançamento isso não seria diferente. Mesmo com esse uso massivo das teclas, Mark Knopfler ainda possui belas linhas de guitarras. A faixa que abre esse clássico é "So Far Away", que coloca de forma muito subjetiva essa questão dos teclados, possuindo mais uso da bateria e do fingerpicking tradicional do líder do grupo. O sucesso comercial veio com "Money For Nothing", com vocais de apoio de Sting. Essa canção, a mais longa de todo o trabalho, chegou às primeiras colocações em qualquer lugar do globo que estivesse disposto a essas invenções tecnológicas. Aqui vemos as teclas a todo vapor, bem como as guitarras e a bateria, sempre na tônica de preencher aquele espaço. A letra é uma forma muito inteligente de colocar a visão de trabalhadores formais em relação à vida de músico que a MTV estava por mostrar. Após oito minutos desse clássico absoluto, nos deparamos com outro grande sucesso, o quase country "Walk Of Life", carregada de teclas, que pela primeira vez torna-se protagonista no álbum. Em "Your Latest Trick", o saxofone de Michael Brecker é , segundo Knopfler "Uma Stairway To Heaven dos saxofones". O sofisticado e improvisado arranjo, com a guitarra e teclados no segundo plano cria uma atmosfera de balada mais arrojada, falando que essa seria a última chance de sua amada aceitá-lo. O lado A, para quem é dos vinis, fecha impecável com "Why Worry", a mais longa do álbum, que esmiúça o finger picking, com uma bela melodia. A partir da sexta música, temos alguns momentos que remetem ao reggae e o beat, como "Ride Across the River". A parte mais folk do álbum fica com a boa música "The Man's Too Strong", que talvez seja o melhor momento no lado mais alternativo da obra. Os slaps são amplamente usados em "One World", dando um ar bem oitentista à faixa.  Os sete minutos finais ficam com a faixa título que é indescritível, uma verdadeira enciclopédia da capacidade de Knopfler e o grupo todo de expor com tanta maturidade sua musicalidade.
            A exposição da banda após o lançamento de "Brothers In Arms", que chegou às lojas em 13 de maio de 1985 foi simplesmente fervorosa, como uma verdadeira febre da música desse quinteto. A obra completa ficou em primeiro lugar dos álbuns  na Billboard 200, nos UK Charts, além das paradas de toda a Europa. Enquanto singles, por dois anos o grupo colocou oito de suas nove faixas em várias paradas do mundo, com sucessos incontestáveis em "Money For Nothing", "Walk Of Life" e "So Far Away". O ano para o grupo foi tão bom a ponto de render três Grammys e chegarem a vendagem de 30 milhões de cópias, tornando-se à época o álbum mais vendido de todo o Reino Unido. A participação no Live Aid de 1985, em uma memorável exibição de seu maior sucesso (agora junto com "Sultans of Swing") com Sting (lembrando que o "dueto" foi apenas durante "Money For Nothing"). Um dos álbuns mais relevantes dos anos oitenta representou além de um bom lançamento, inovações tecnológicas de gravação que por muito tempo seriam motivos de admiração de muitos pelo grupo. Enfim,  Dire Straits poderia dar uma boa pausa, sua obra definitiva e manual de como a música comercial deveria ser feita na década já estava ao alcance de todos.

  • Avaliação:


  • Ficha Técnica:

Gravadora:Vertigo (UK), Warner (EUA)
Lançamento:1985
Gênero:Country, Folk, Pop, Rock


  • Faixas:
A1) So Far AwayCompositor: Mark Knopfler                    5:12
A2) Money For Nothing Compositores: Mark Knopler e Sting           8:26
A3) Walk Of Life Compositor: Mark Knopfler                    4:12
A4) Your Latest Trick Compositor: Mark Knopfler                    6:33
A5) Why Worry Compositor: Mark Knopfler                    8:33
B1) Ride Across The River Compositor: Mark Knopfler                    6:58
B2) The Man's Too Strong Compositor: Mark Knopfler                    4:40
B3) One World Compositor: Mark Knopfler                    3:40
B4) Brothers In Arms Compositor: Mark Knopfler                    7:00


  • Créditos
Vocais:
Mark Knopfler
Vocais de Apoio:Guy Fletcher, John Illsley e Sting (2)
Baixo:John Illsley e Tony Levin
Guitarras e Violões:Jack Sonni e Mark Knopfler
Bateria:Omar Hakim e Terry Williams (3)
Teclados:Alan Clark e Guy Fletcher
Saxofone:Michael Brecker
Saxofone Tenor:Malcolm Duncan 
Trompa:Dave Plews e Randy Brecker
Vibrafone:Michael Mainieri
Produção:
Mark Knopfler e Neil Dorfsman


  • Gravado no AIR Studios, Londres/Montserrat, Inglaterra, 1984-85

  • Vídeos:
Walk Of Life




The Man's Too Strong




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